Fernando Haddad recebeu carta branca do presidente Lula para apresentar as medidas que achar necessária para implementação do arcabouço fiscalAFP

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, carta branca para apresentar as medidas que achar necessária para implementação do arcabouço fiscal. A decisão é uma resposta para a pressão feita pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, que é uma das maiores críticas do novo marco fiscal.

Nas últimas semanas, petistas que fazem parte do grupo liderado por Hoffmann e Aloizio Mercadante criticaram trechos do arcabouço e pressionaram a área econômica para ajustes. A maior insatisfação é em relação aos gatilhos do projeto.

A presidente do PT chegou a dizer que a legenda quer um arcabouço que "desfigure menos a proposta do governo". O bombardeio petista irritou Haddad, que levou a questão para Lula. O ministro confessou estar se sentindo "fritado" e voltou a perguntar qual caminho deverá seguir em relação ao marco fiscal.

O presidente da República, que já leu os principais trechos do projeto, defendeu o plano do ministro da Fazenda e deu carta branca para ele seguir com a nova âncora fiscal. Na avaliação do chefe do Executivo federal, o arcabouço atende aos interesses do governo e também dos investidores.

A âncora também tem o apoio de Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil, que sempre lembra que Lula prometeu "previsibilidade" e "responsabilidade" com as contas públicas e enxerga o projeto de Haddad o melhor caminho para ganhar a confiança do mercado financeiro, mas sem deixar de investir em ações sociais.

Com o sinal verde do presidente, o ministro ficou mais confiante e seguirá defendendo o arcabouço ao dialogar com o Congresso Nacional.

Gleisi Hoffmann não vai diminuir a ofensiva
A presidente do PT soube da decisão de Lula, mas avisou que seguirá defendendo os interesses do partido. Ela tem dito para aliados que precisa se posicionar a favor do que a sigla acredita e não necessariamente no que o Planalto deseja.

Porém, o presidente da República já avisou que não aceitará "oposição" por parte do PT. Se ele sentir que o clima não é bom, tomará providências.