Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente do BrasilEvaristo SA / AFP
Bolsonaro teria ficado furioso com Guedes após Lula baixar preço do gás
Os dois teriam tido uma discussão por um aplicativo de mensagem
Jair Bolsonaro (PL) entrou em contato com o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, para questionar o motivo do seu governo, encerrado em 2022, não ter baixado o preço do gás de cozinha. Ele ficou furioso com o aliado ao ver que a promessa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cumprida nessa semana e cobrou satisfações porque se sentiu enganado.
Uma fonte revelou à reportagem que o ex-presidente mandou uma mensagem em tom rígido para Guedes. "Você não falou que iria baixar, pô?", teria questionado Bolsonaro. O teor completo da conversa foi muito mais violento e os ânimos entre os dois ficaram acirrados. "O Paulo não gostou de ser questionado como se ainda fosse empregado do ex-presidente e respondeu à altura".
O questionamento de Bolsonaro se deu porque ele teria pedido para Guedes diminuir o preço do gás a qualquer custo, ainda no primeiro semestre do ano passado, para tentar vencer as eleições. A resposta à época foi de que seria impossível interferir na Petrobrás e determinar que o gás de cozinha diminuísse o preço artificialmente. "O Guedes avisou que isso afetaria a empresa, o governo e traria um efeito cascata".
Uma frase que chamou a atenção em 2022, segundo aliados do ex-ministro da economia, foi que teria convencido Bolsonaro. "Não dá para agradar pobre toda hora. Se você agrada pobre, desagrada o rico e quem manda no país é o rico", teria afirmado Paulo Guedes quando estava no cargo de ministro. O presidente concordou e deixou a ideia de lado.
Acontece que, com menos de cinco meses completos no cargo, Lula fez o que prometeu na campanha toda e foi ridicularizado por Bolsonaro e seus aliados: baixou o preço do gás de cozinha. O ex-presidente acompanhou de perto a reação do mercado e ficou enfurecido ao perceber que o efeito cascata prejudicial à Petrobras e ao governo, prometido por Guedes, não aconteceu.
O ex-ministro, no entanto, não gostou da cobrança e se recusou a dar qualquer explicação. "Desapega", teria dito ele entre troca de ofensas e palavrões das duas partes. Segundo uma das pessoas próximas a Bolsonaro, ele foi até bloqueado pelo ex-aliado.