Medida valoriza práticas que englobam técnicas ancestrais de manejo do meio ambienteAcervo Lepha
Além de valorizar práticas que englobam técnicas ancestrais de manejo do meio ambiente, a medida deve beneficiar aproximadamente duas dezenas de comunidades localizadas nos municípios de Diamantina, Couto Magalhães, Olhos D´Água, Presidente Kubitscheck, Buenópolis, Serro e Bocaiúva.
Os apanhadores de flores sempre-vivas, como são conhecidos, já haviam obtido o selo de Sistema Agrícola Tradicional de Importância Mundial (Sipam), concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO).
As flores sempre-vivas têm esse nome pela sua capacidade de resistência ao longo do tempo, mantendo sua firmeza e sua cor. São muito usadas para elaboração de buquês de flores e decoração de eventos.
No Brasil, elas são típicas do bioma cerrado e a Serra do Espinhaço reúne aproximadamente 80% das suas espécies. Seus campos estão situados a cerca de 1,4 mil metros de altitude. Os apanhadores podem permanecer por lá durante semanas, se abrigando em ranchos ou grutas, conhecidas como lapas.
Este período voltado para a coleta das flores é também um momento de encontro e socialização das famílias camponesas que integram essas comunidades, algumas delas quilombolas.
Além de abastecer o mercado interno, a produção nacional desperta também o interesse de outros países. Segundo dados do governo brasileiro, os principais importadores são Estados Unidos, Países Baixos, Espanha e Itália.
As conquistas obtidas por essas populações - tanto no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) como em Minas Gerais - levaram em conta sua sustentabilidade. Isso porque a coleta exagerada de flores sempre-vivas para fins comerciais pode colocá-las em risco. Mas essas comunidades trabalham de forma coletiva, observando os ciclos naturais e calculando o volume de coleta de forma a garantir a renovação das espécies.
A concessão do título de patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais foi aprovada durante reunião ordinária do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep).
Em nota divulgada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a presidente do órgão, Marília Palhares, destaca que o reconhecimento contribui para a preservação dos saberes. "São sábios, pois são várias comunidades que trabalham diretamente com seus territórios, o cuidado com os animais, o respeito às estações do ano, mudam a transumância e não utilizam produtos químicos”, finaliza.
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