Na avaliação de Padilha, o episódio precisa ser classificado como 'gravíssimo'Valter Campanato/Agência Brasil

Brasília - O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), afirmou nesta sexta-feira (16) que as mensagens encontradas no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), mostram que existia um plano para dar um golpe de estado para evitar posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“[Conversas encontradas] provam que existia uma verdadeira organização criminosa, terrorista e antidemocrática coordenada dentro do Palácio do Planalto”, falou o petista em entrevista dada para a CNN Brasil.

Na avaliação de Padilha, o episódio precisa ser classificado como “gravíssimo” e que esse tipo de comportamento fez com que “infelizmente” pessoas se contaminassem em “várias instituições civis e militares”.

Ele chamou o caso de “gravíssimo” e disse que essa organização “infelizmente contaminou pessoas em várias instituições civis e militares”.

Nas mensagens, Cid foi cobrado por integrantes das Forças Armadas para convencer Bolsonaro a realizar um golpe de Estado, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. O tenente-coronel está preso desde o dia 3 de maio e se manteve em absoluto silêncio durante depoimento à Polícia Federal.

Segundo a Veja, a maioria das mensagens teve o coronel Jean Lawand Junior, subchefe do Estado-Maior do Exército, como remetente. Elas foram enviadas durante o mês de dezembro.

Outras foram enviadas por um grupo de militares e algumas de Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel. A Ticiana Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas, também aparece nos textos.

Cid respondia as cobranças em poucas palavras. Ele disse "infelizmente" quando Lawand percebeu que não seria possível realizar um golpe.

Além disso, uma espécie de roteiro para a instauração de um golpe de Estado foi encontrado no celular de Mauro Cid. Nele, havia Bolsonaro nomearia um interventor, que estaria no comando da Polícia Federal e poderia suspender atos que ele considerasse inconstitucionais.

Em uma das fases do plano, havia a etapa de afastar os ministros do Tribunal Superior Eleitoral alegando que eles seriam os “responsáveis pela prática de atos com violação de prerrogativa de outros Poderes”, de acordo com o documento.

Lula mandou afastar qualquer integrante do governo envolvido no plano de golpe
O ministro Padilha revelou que, no começo do mandato, o presidente Lula ordenou a investigação individual e a retirada do cargo de qualquer pessoa que estivesse ligada em algum plano de golpe de estado.

Padilha ainda explicou que a revelação do novo episódio apenas “reforça o papel” da base governista na CPMI do 8 de janeiro.

“Nós barramos a ideia terraplanista que tenta transformar as vítimas do golpe de 8 de janeiro nos responsáveis”, concluiu.