Homem foi amarrado e preso a duas semanas atrás, no domingo (4)Reprodução/Twitter

A defesa do homem amarrado por policiais militares em São Paulo (SP) criticou no sábado, 17, a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o suspeito e insinuou o preconceito do Estado contra negros. Para os advogados, há um espírito de ‘branquitude’ nas instituições públicas.
O MP entendeu que o homem cometeu furto e corrupção de menores, o que justificaria a denúncia. A promotora Margarete Cristina Marques ressaltou que a ação dos PMs se deu devido à resistência do suspeito à prisão. Para a defesa, a denúncia reflete o preconceito do Estado contra pessoas negras. Os advogados ainda classificaram o caso como “máquina de moer carne”.

“A extrema violência aos cidadãos mal encaixados na máquina de moer carne capitalista é a regra até mesmo quando às cortes mais altas do Poder Judiciário”, afirmam.

"A estrutura do Estado se mostra desproporcional em todos os aspectos, quando se trata de reprimenda, especialmente ao pobre, negro e vulnerável social, desde seu nascimento até sua morte", completa a defesa.
Na visão dos advogados, o Estado corrobora para o racismo e que a denúncia é um reflexo da escravidão. "Defendemos o Estado Democrático de Direito a toda uma comunidade preta empurrada desde a formação do Brasil para as periferias".
A defesa também questionou a inclusão do crime de resistência na denúncia. Para eles, o crime não há fundamentação, já que seria preciso esperar pelas câmeras corporais dos policiais militares e do prédio em que o homem foi preso para confirmar a versão dos PMs. Ainda não há informação sobre o prazo para a entrega das gravações à Justiça.

Relembre o caso
Os PMs afirmaram que estavam patrulhando a Avenida Conselheiro Rodrigues Alves por volta das 23h50 de domingo, 4, quando foram abordados por uma mulher que indicou uma movimentação suspeita em um mercado da região.

No estabelecimento, um funcionário informou aos policiais que pessoas haviam entrado na loja e realizado um assalto, levando diversos produtos.

Segundo os PMs, o homem confessou o furto no mercado. Os policiais ordenaram que o suspeito se sentasse, mas ele os ignorou. Os agentes afirmaram que o homem estava agitado e que foi necessário pedir reforço, totalizando quatro homens para contê-lo.
Eles ainda relataram que o suspeito resistiu mesmo depois de algemado, o que levou à utilização de uma corda para amarrar seus pés. Segundo o boletim de ocorrência, os policiais disseram que o homem ameaçou se levantar e fugir.

Imobilizado e amarrado, o suspeito foi levado pelos policiais para a UPA Vila Mariana. A cena foi registrada por uma testemunha e divulgada nas redes sociais. A PM informou que não compactua com o ato e abriu um inquérito para investigar a ação dos policiais.
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