Ex-subchefe do Estado Maior do Exército coronel Jean Lawand Júnior depondo na CPMI do 8 de JaneiroLula Marques/ Agência Brasil

Ouvido ontem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o coronel do Exército Jean Lawand Júnior disse que jamais defendeu uma ruptura institucional após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na eleição do ano passado. Aos parlamentares, ele afirmou que era a favor de uma ordem de Bolsonaro para "apaziguar" o País.
Lawand, no entanto, teve conversas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, interceptadas pela Polícia Federal. O material apreendido expõe um plano, em oito etapas, discutido pelo coronel e por Cid para que as Forças Armadas tomassem o comando do País antes da sucessão presidencial.
"Em nenhum momento atentei contra a democracia, em nenhum momento quis agredir as instituições", afirmou Lawand na comissão, destacando que as mensagens trocadas com Cid eram "privadas". "A ideia minha desde o começo era que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo, as pessoas voltarem às suas casas e seguirem a vida normal", prosseguiu.
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), reagiu ao depoimento do coronel. "Tive um dia muito difícil, porque o tempo inteiro eu acreditei que o senhor estava faltando com a verdade, mas mantive o meu espírito legalista", disse Maia "Eu tenho a convicção de esse comportamento que envergonha as Forças Armadas não é a imagem do Exército."
Infeliz
Em mensagem a Cid, Lawand afirmou: "Se a cúpula do Exército não está com ele (Bolsonaro), da Divisão para baixo está. Assessore e dê-lhe coragem". Questionado ontem pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o coronel disse que foi "infeliz".
"Sou um simples coronel conversando em grupo de WhatsApp com um amigo, não tinha condições para qualquer tipo de golpe. Essa observação foi muito infeliz porque não tenho contato com ninguém do Alto-Comando. Me arrependo." Neste mês, o Exército barrou a designação de Lawand para posto nos Estados Unidos após vir a público o plano de golpe.
Ainda ontem, a comissão marcou o depoimento de Cid para o dia 4 de julho.