Presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás MaduroMarcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender ontem a ditadura da Venezuela e disse que o país comandado por Nicolás Maduro "tem mais eleições do que o Brasil". Segundo o petista, "o conceito de democracia é relativo "
"Vai ter eleições esse ano na Venezuela. Quem quiser derrotar o Maduro derrote nas próximas eleições e assuma o poder. Vamos lá fiscalizar. Se não tiver eleição honesta, a gente fala", afirmou Lula, durante entrevista à Rádio Gaúcha.
As declarações foram feitas após o presidente ser questionado sobre o motivo de ele e integrantes de seu governo não considerarem o regime de Maduro uma ditadura.
O presidente disse ainda que gosta de democracia e a exerce com "plenitude". "O mundo inteiro sabe que a governança do PT é exemplo de exercício da democracia", declarou o petista. "O que não está correto é a interferência de um país dentro de outro", acrescentou.
Nicarágua
Em relação a um outro aliado de esquerda altamente contestado, o ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, Lula disse que vai conversar com ele para resolver "os problemas da Igreja". A ditadura da Nicarágua faz perseguição a padres católicos.
Na entrevista, o presidente ainda voltou a defender o financiamento de obras no exterior, como na Argentina, medida criticada em outros governos petistas. "Quando a gente financia obras no exterior, está exportando engenharia."
Ainda de acordo com o presidente, Venezuela e Cuba vão pagar as dívidas de obras financiadas no passado e o governo vai promover parcerias público-privadas (PPPs) "como jamais foi feito".
Embargos
Em janeiro, durante viagem a Buenos Aires, Lula já havia defendido as ditaduras de Venezuela e Cuba. Ele disse que era preciso tratar os países "com carinho". Na ocasião, o presidente comparou os embargos aos dois países com a ocupação da Rússia na Ucrânia, dizendo que é a favor da soberania dos povos. "Sou contra ingerências externas nos processos venezuelanos. É preciso resolver com diálogo e não com bloqueio", afirmou. "Precisamos tratar Venezuela e Cuba com muito carinho."
Em maio, Lula recebeu Maduro, no Palácio do Planalto. Sem citar violações de direitos humanos e políticos reconhecidos pelas Nações Unidas, o petista isentou o presidente da Venezuela de responsabilidades sobre a crise econômica que atinge o país e condenou as sanções que recaem sobre o regime chavista.
Ao lado de Maduro, Lula afirmou, na época, que a Venezuela precisava divulgar sua "narrativa" sobre a situação política e econômica do país.
Na terça-feira, o Tribunal Penal Internacional autorizou que seu procurador retome as investigações sobre supostos crimes contra a humanidade cometidos na Venezuela pelo governo de Maduro.