Apoio financeiro se destina a projetos de pesquisa inovadoresMichel Monteiro
Os projetos de pesquisa apoiados são “ousados e arriscados”, segundo confirmou nesta segunda-feira, 3, a diretora de Ciência do Instituto Serrapilheira, Cristina Caldas. Isso significa que os projetos podem não dar certo. “Isso é muito importante de ressaltar, porque o nosso modelo de financiamento permite o fracasso. Falar explicitamente que a gente está ok em financiar projetos que sejam superarriscados e tudo bem se eles não derem certo, para nós é uma parte importante do nosso financiamento. Porque a gente quer estimular os jovens brasileiros a tomar o risco”.
Nesse modelo de financiamento, ao acolher projetos de alto risco, o Instituto Serrapilheira entende que grandes avanços na ciência foram feitos quando as pessoas se arriscaram. “Esses avanços incrementais são muito importantes, porque tudo tem que conviver junto: o apoio à ciência mais incremental, junto com apoio a projetos de risco”, completou Cristina. Cientistas internacionais de referência olham para os jovens pesquisadores e para a ciência brasileira e ajudam a identificar os cientistas que propõem perguntas originais e ousadas.
Parceria
Um dos critérios estabelecidos na chamada é que os candidatos deveriam ter vínculo permanente com alguma instituição de pesquisa no Brasil e concluído o doutorado entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2020. O prazo é estendido em até dois anos para mulheres com filhos.
Segundo a diretora do Serrapilheira, ser contratado em uma universidade brasileira não garante que a pessoa terá todas as condições necessárias para desenvolver a pesquisa que precisa. “No caso dessa chamada, a gente olha para esse momento da trajetória acadêmica onde ele já conquistou uma posição. Mas a gente sabe que, em várias instituições no Brasil, a conquista da posição não basta para que ele tenha tudo que precisa para fazer o seu projeto de pesquisa. Essa chamada olha para esse momento da trajetória acadêmica do cientista”.
Recursos
O Serrapilheira fará o acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos, visando entender as demandas, os desafios, identificar quais são os entraves, o que pode fazer para melhorar. “A gente trabalha com a relação de confiança e proximidade com aquelas pessoas e as coloca em rede. Cria uma comunidade Serrapilheira. E isso tem sido muito rico, porque cientistas de diversas áreas conversam, trocam experiências e acabam pensando em novos projetos a partir dessa integração interdisciplinar que a gente faz com eles”. O instituto estimula ainda que os cientistas fortaleçam suas colaborações internacionais.
Até o momento, nesta chamada, participam as fundações de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Rio de Janeiro (Faperj), de Minas Gerais (Fapemig), do Ceará (Funcap), do Rio Grande do Sul (Fapergs), do Distrito Federal (FAPDF) e do Paraná (Fundação Araucária). Outras FAPs ainda estão analisando fatores como disponibilidade de orçamento. Elas podem também contribuir para o cofinanciamento de cientistas de seus respectivos estados que foram bem avaliados no processo de seleção, mesmo após o anúncio dos selecionados. Edições anteriores das chamadas também contaram com a Fapesc, de Santa Catarina.
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