Lula da Silva durante reunião de relançamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI)Marcelo Camargo/Agência Brasil
O principal financiador da política será o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com R$ 65,1 bilhões em recursos. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), as duas últimas vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), farão os demais aportes.
O presidente Lula destacou que o governo vai colocar recursos no BNDES e criar as condições para os investimentos em inovação. “Acabou aquela bobagem de que o Estado tem que ser forte ou tem que ser fraco. O Estado tem que ser o Estado necessário para poder dirigir e induzir o crescimento econômico do país”, disse. “Vamos parar com essa questão de dizer quem é melhor e quem é pior, o Brasil precisa dos dois, precisa do Estado e precisa do setor privado. E precisa formar profissionais mais qualificados se a quiser verdadeiramente voltar a ser um país industrializado”, acrescentou.
Lula reafirmou que a economia vai crescer quando o dinheiro circular na mão da população e que os investimentos em educação não podem ser considerados gastos.
“Pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda, significa menos pobreza, mais poder de consumo, significa melhorar a vida da sociedade, que é o que nós precisamos fazer. Com as medidas que já tomamos aqui, o dinheiro está circulando. Se o dinheiro chega lá embaixo, ele não vai ser aplicado na bolsa, não vai comprar dólar; ele vai voltar para o comércio. Quando volta para o comércio, ganha o comércio, ganha a indústria, ganha o emprego, ganha todo mundo, não precisa ser doutor honoris causa para saber disso”, afirmou.
Para o presidente, o Brasil tem uma janela de oportunidades e potencialidades para atrair novos investimentos. Ele citou a transição energética, a indústria de gás e os modais de transporte.
“O Brasil tem a chance que jamais teve. O fato de o Brasil ter ficado exilado do mundo durante os últimos seis anos deu ao mundo uma sede, uma necessidade do Brasil. E nós precisamos tirar proveito que o Brasil não tem contencioso com ninguém, o Brasil gosta de todo mundo e todo mundo gosta do Brasil”, ressaltou Lula, argumentando que esta é uma das razões para que o país mantenha a neutralidade em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Desindustrialização
“É o tamanho do desafio que temos pela frente”, disse Alckmin, ao abrir a reunião.
O CNDI é vinculado à Presidência da República e presidido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Criado em 2004, o colegiado fez a última reunião em 2015. Ele é composto por 20 ministros de Estado e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje Aloízio Mercadante, e 21 conselheiros representantes da sociedade civil.
Segundo a Presidência da República, o conselho volta com a missão de construir uma nova política industrial para o Brasil, “de caráter inovador, sustentável e inclusivo socialmente”.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, destacou que, nos últimos anos, os principais países e os mais industrializados, como Estados Unidos, China, Alemanha e França, decidiram investir maciçamente no desenvolvimento industrial dos seus países já industrializados.
“[Eles] perceberam que, para enfrentar esse novo momento que a gente vive no mundo, de inflação, de, principalmente, desemprego, da necessidade de geração de emprego de qualidade, de conhecimento e de tecnologia, só a indústria realmente é que seria capaz de prover tais necessidades para esses países”, disse, citando marcos da indústria brasileira e a importância dos novos investimentos no setor.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre, afirmou que a classe trabalhadora sempre lutou por uma política industrial, mas lembrou que a indústria instalada precisa ter a mesma atenção.
“Tem regiões importantes, regiões tradicionais, e é essa indústria que mata um leão por dia, luta contra toda tipo de adversidade, para continuar sobrevivendo e mantém regiões importantes do país”, ressaltou Nobre. “É uma indústria que ainda não chegou na neoindústria, está lutando para sair da segunda Revolução Industrial e ir para terceira”, enfatizou.
Juros altos
A taxa está definida em 13,75% ao ano. Embora tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais alto desde o início de 2017, e os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia.
O presidente da CNI destacou que o país precisa de crédito com juros baixos. “É a batalha que todos temos hoje para redução dos juros no Brasil, e acho que temos todas as condições para isso, para que comece a haver essa redução dos juros”, disse Robson Andrade, defendendo ainda a aprovação da reforma tributária.
O representante da CUT acrescentou que o tema precisa ser tratado no Senado Federal, que é o órgão que aprova as indicações para a diretoria do Banco Central, que define a taxa Selic.
“Podemos ter a melhor a melhor política industrial do mundo, a melhor reforma tributária do mundo, agora com a taxa de juros a 13,75%, obrigando o BNDES, que é o principal banco de fomento, a fazer empréstimo com 13,75%, mais o custo do banco, que chega a 20%, 21%, como é que nós vamos crescer?”, questionou.
De acordo com o presidente do BNDES, de janeiro a maio do ano passado, o custo da taxa de juros foi de R$ 187 bilhões para o governo, já que a Selic é o indexador da dívida pública. “De janeiro a maio deste ano foi R$ 297 bilhões -- são R$ 110 bilhões a mais de custo fiscal. Então, além de inibir o investimento, estão aumentando a dívida pública que é a maior meta do Banco Central, é a relação dívida/PIB”, disse. “Precisamos reduzir os juros, o Senado tem que fazer esse debate com transparência”, acrescentou Mercadante.
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O programa, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços DIC, com o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), BNDES e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), já atendeu mais de 100 mil empresas em todo o Brasil. A reformulação do B+P tem como meta beneficiar cerca de 185 mil empresas até 2026, com foco especial no setor industrial, com investimento de R$ 1,5 bilhão entre 2023 e 2026.
Ainda foi assinado acordo de cooperação técnica para promover o desenvolvimento tecnológico e a ampliação da oferta de máquinas, implementos, equipamentos e tecnologias adaptados às necessidades da agricultura familiar. Além do MDIC, assinaram o acordo os ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Ciência, Tecnologia e Inovações, a Embrapa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o BNDES, a Finep, a Embrapii e os banco do Nordeste do Brasil, do Brasil e da Amazônia.
O ato faz parte da retomada do programa Mais Alimentos, como anunciado no último dia 28, no Plano Safra da Agricultura Familiar.
Nova política industrial
“A retomada das políticas industriais, de inovação e de fomento de inserção internacional qualificada mais competitiva passa pela superação do atraso produtivo e tecnológico. Este é o desafio que o CNDI se propõe a resolver”, explicou a Presidência da República, em comunicado no qual cita, entre os princípios propostos para a nova política, a inclusão socioeconômica, capacitação profissional e melhoria da renda, redução das desigualdades regionais e sustentabilidade.
Nos próximos meses, o CNDI se debruçará sobre as seis missões da política industrial, derivadas de problemas sociais e de desenvolvimento do país:
- Promoção de cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar e nutricional
- Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar o acesso à saúde
- Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades
- Transformação digital da indústria para ampliar a produtividade
- Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as futuras gerações
- Tecnologias de interesse para a soberania e a defesa nacionais
Divididos em grupos de trabalho, os membros devem dialogar com os diversos segmentos da indústria, identificar gargalos de adensamento de cadeias e de descarbonização e desenhar estratégias e ações para impulsionar a atividade industrial nessas áreas.
Os próximos passos no trabalho envolvem a definição das rotas tecnológicas para os diferentes setores a serem desenvolvidos, bem como dos instrumentos a serem utilizados nesses processos, como financiamento e garantias, pesquisa e desenvolvimento e infraestrutura de qualidade.
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