Velório de Zé Celso foi realizado no Teatro OficinaEduardo Martins / Agnews

Rio - O corpo do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa foi velado no Teatro Oficina, fundado por ele em 1958, em São Paulo, da noite desta quinta feira até a tarde desta sexta. A cerimônia aberta ao público foi marcada por celebrações, homenagens, música e emoção. 
O corpo do diretor, que morreu aos 86 anos, após ter 53% do corpo queimado em incêndio que atingiu seu apartamento, chegou ao local na noite desta quinta, por volta das 23h. Durante a noite, amigos, famosos e fãs deram o último adeus a Zé Celso. O rito de despedida teve performances, saudações a alguns orixás e  muita música. Um telão chegou a ser montado do lado de fora do teatro para que o público conseguisse acompanhar a transmissão da cerimônia. 
Além do viúvo Marcelo Drummond, famosos estiveram no local como Julia Lemmertz, Regina Casé, Alexandre Borges, Leopoldo Pacheco, Armando Babaioff, Bárbara Paz, Andreia Horta, Regina Braga, Drauzio Varella, Gabriel Braga Nunes, Maria Casadevall, Chico César , Mayana Neiva , Leonardo Miggiorin e o maestro João Carlos Martins. 
"Eu caí, alguém me acordou porque eu cheguei a desmaiar, de certa forma, da fumaça. Alguém me acordou, a gente saiu. Fui para o corredor, para o hall de entrada do apartamento, um vizinho apareceu e trouxe o Zé junto com o Vitor e o Zé falava 'abre a janela, abre a janela'. E eu falei: 'já está aberta'. Eu segurei as duas mãos dele e ele botou a perna em cima de mim", recordou o ator. 
Ícone da dramaturgia brasileira
Zé Celso nasceu em 1937 e é conhecido como um dos maiores dramaturgos do Brasil, responsável pela criação do Teatro Oficina, uma das companhias mais antigas no país. A iniciativa surgiu em 1958, quando o diretor e ator se juntou a Amir Haddad, Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel. Assinou o texto e direção de inúmeras peças que chegaram a incomodar o governo no período da ditadura militar, entre as décadas de 60 e 70, como "O Rei da Vela" e "Roda Viva", marcadas pelo sarcasmo, a constestação de ideias e, em muitas vezes, pela nudez física e filosófica dos artistas.
Em 22 de maio de 1974, foi abordado por agentes da ditadura e levado ao Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, onde foi torturado e confinado em uma solitária. Quase um mês depois, Zé foi solto em liberdade condicional, tendo que responder ao Dops semanalmente. Em setembro do mesmo ano, se exilou em Portugal com outros integrantes da então Comunidade Oficina Samba.
O grupo só retornou ao Brasil em 1979, depois de atuar com o teatro e cinema em capitais da Europa como Lisboa, Paris e Londres, e até mesmo em Moçambique. Em abril de 2010, Zé Celso recebeu uma indenização de R$ 570 mil do Estado pela perseguição que sofreu durante o governo militar.
No ano passado, fez parceria com Fernando de Carvalho na direção de "Fausto na travessia brasileira", uma releitura da obra de Christopher Marlowe, estrelada por Leona Cavalli e Ricardo Bittencourt. Nos últimos meses, Zé estava envolvido na adaptação do livro "A Queda do Céu", organizado pelo francês Bruce Albert a partir de gravações do xamã yanomami Davi Kopenawa.
No dia 6 de junho, o dramaturgo reuniu nomes como Daniela Mercury, Andréia Horta, Alanis Guillen e Júlia Lemmertz no Teatro Oficina para seu casamento com o ator Marcelo Drummond. A celebração aconteceu no mesmo dia em que José Celso recebeu uma intimação judicial contra o plantio de uma árvore no terreno ao lado do teatro, que pertence ao apresentador e empresário Silvio Santos.
A disputa pelos arredores do teatro já vem desde 1980. Enquanto o Grupo Silvio Santos já manifestou os planos de construir um edifício residencial na região, Zé Celso quer transformar o local no parque do Rio Bixiga. Na semana anterior ao casamento, o artista revelou à 'Folha de S. Paulo' que havia sido presenteado com um pé de ipê comprado por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, que não puderam comparecer à cerimônia. "O ipê vai praticamente abrir o parque", afirmou o diretor ao jornal, o que gerou a ação movida pela Residencial Bela Vista, empresa pertencente ao conglomerado liderado pelo dono do SBT.
Zé Celso foi integrado a lista "50 Over 50 2023" da revista 'Forbes' na categoria Cinema, teatro e televisão, nesta segunda-feira (03), como parte do grupo "que brilha intensamente após meio século de existência". Ao seu lado estão nomes como Adriana Esteves, 55, Reynaldo Gianecchini, 50, Regina Casé, 69, Karim Ainoux, 57.
 
 
 
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