Lula só vai discutir eventual reforma ministerial em agosto, após o recesso parlamentarMarcelo Camargo/Agência Brasil
Na mira do Centrão estão a chefia de outros ministérios e de empresas públicas, provocando pressão por uma reforma ministerial. O Planalto, com problemas de articulação no Congresso, precisa do apoio de parlamentares do bloco para aprovar projetos de seu interesse.
Confira outros ministérios e empresas públicas que podem sofrer mudanças:
Ministério da Saúde
Comandado pela ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Nísia Trindade, a Saúde tem orçamento atual de R$ 189 bilhões. O Centrão pressiona pela substituição da chefe da pasta, mas, até o momento, a ministra está blindada pela estrutura do governo, que não quer abrir mão de ter uma liderança técnica no ministério.
O presidente Lula afirmou, no dia 5, que a ministra permanece no posto e pode "dormir tranquila". "Na semana passada, tinha visto uma pequena nota num jornal com alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Fiz questão de ligar pra Nísia e dizer: Nísia, vá dormir e acorde tranquila, porque o Ministério da Saúde é do SUS", disse Lula.
A pasta que abriga programas sociais como o Bolsa Família foi colocado estrategicamente sob o controle de Wellington Dias, quadro histórico do Partido dos Trabalhadores. O ministério é alvo de pressão do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que busca emplacar seu líder, o deputado André Fufuca (PP-MA), no cargo.
Em entrevista concedida para à TV Record nesta quinta, o presidente da República negou a possibilidade de mudança. "Esse ministério é meu, não sai do PT", disse Lula. No último dia 7, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também defendeu a permanência de Dias, chamando a pasta de "coração do governo, a menina dos olhos de Lula", por abrigar as políticas públicas mais caras ao PT.
Uma alternativa cogitada pelo Centrão é divisão da pasta. Com isso, seriam criados os ministérios do Desenvolvimento Social, mantido com Wellington Dias, e do Combate à Fome, com indicação do PP.
Ministério dos Esportes
O Republicanos, que não possui nenhum ministério no governo Lula, também quer emplacar um nome na Esplanada. A tentativa do partido é convencer o governo a nomear o deputado pernambucano Silvio Costa Filho para o lugar de Ana Beatriz Moser, ex-jogadora de vôlei e empreendedora social que lidera a área do esporte desde a transição de governo, em 2022.
Embratur
Presidida por Marcelo Freixo (PT-RJ), a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo é ligada ao ministério que agora vai para as mãos de Celso Sabino. A pressão é para que o comando da Embratur também passe para o União Brasil, que deseja um ministério "completo", como afirmado pelo líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
Funasa
No começo do ano, o governo editou uma Medida Provisória para extinguir a Fundação Nacional da Saúde, órgão ligado ao Ministério da Saúde, que foi controlado pelo Centrão durante o governo Bolsonaro. Contudo, a MP não foi votada pelo Congresso e perdeu a validade.
Agora, segundo o deputado Danilo Forte (União-CE), o governo deve publicar um decreto estruturando uma comissão provisória para a reestruturação da Funasa. Embora o Planalto queira mover o órgão para o Ministério das Cidades, o Centrão briga para que ele seja mantido sob o guarda-chuva da Saúde, para ser turbinado com emendas parlamentares devido ao orçamento da pasta.
Correios
Outro alvo do União Brasil são os Correios. Hoje, a empresa pública é presidida pelo advogado Fabiano Silva. Contudo, o governo tem sido firme na defesa da manutenção da estatal sob o comando do PT, pois, além de bem avaliado pela cúpula do Planalto, Silva foi uma indicação pessoal de Lula e pertence ao grupo de advogados Prerrogativas, que atuou na defesa do presidente durante a Lava Jato.
Caixa Econômica Federal
Presidida atualmente por Rita Serrano, a Caixa está na mira do PP, que quer indicar Gilberto Occhi, ex-ministro dos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), que já presidiu o banco, também no governo do emedebista.
Turismo é segunda troca na Esplanada
A troca no Turismo foi a segunda mudança ministerial de Lula em 193 dias, desde o início da atual gestão. Em 19 de abril, o general Gonçalves Dias pediu demissão do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após o vazamento de um vídeo que mostrava o ex-ministro circulando entre golpistas durante a invasão ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
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