Arquidiocese de Campinas publicou decreto assinado pelo arcebispo dom João Inácio Müller proibindo o padre Silvio do exercício do ministério sacerdotal Reprodução: Google Maps
Os casos aconteceram no ano passado em um prédio comercial da região central de Campinas e foram registrados na Polícia Civil. No primeiro evento, no dia 30 de setembro, o padre teria se negado a deixar a chave do seu carro com o manobrista, um homem, de 57 anos.
O homem explicou que era norma do edifício e o padre teria reagido com agressão verbal, chamando-o de "macaco", além de ter batido com a mão em seu peito. Ao cobrar explicações, o padre teria dito que "era por isso que não gostava de negro" e o chamado de "petista filho da p...."
O outro episódio, ocorrido um mês depois, envolveu funcionárias de uma agência bancária que funciona no mesmo edifício. Inicialmente, o padre se indispôs aos gritos com uma recepcionista, de 23 anos, a quem chamou de "burra" e "neguinha", após ela ter informado que a gerente não poderia atendê-lo de imediato. A gerente acorreu em defesa da funcionária e também foi ofendida, sendo chamada de "burra, incompetente e boçal", segundo a denúncia.
Os dois casos foram denunciados à Polícia Civil e resultaram na abertura de inquéritos. Em junho, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público Estadual e tornou o padre réu.
"O MPSP ofereceu denúncia que foi recebida pelo juízo, tendo sido apresentada resposta à acusação. Confirmado o recebimento da denúncia, se seguirão audiência de instrução, debates e julgamento", informou o MP. Em janeiro deste ano, o crime de injúria racial - ofensa em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional - foi equiparado ao racismo, mas os eventos que envolvem o padre são anteriores à nova lei.
No último dia 18, a Arquidiocese de Campinas publicou decreto assinado pelo arcebispo dom João Inácio Müller proibindo o padre Silvio do exercício do ministério sacerdotal "dentro e fora dos limites territoriais da Diocese, até que seja determinado o contrário".
Conforme o documento, a medida foi tomada "no intuito de prevenir escândalos, proteger a liberdade das pessoas envolvidas e tutelar o curso da justiça". O padre continua com direito à remuneração de dois salários mínimos — R$ 2,6 mil — para seu sustento, mas deve arcar com as custas de sua defesa. A arquidiocese abriu também uma investigação prévia sobre a conduta do sacerdote, levando em conta as denúncias apresentadas contra ele.
A reportagem procurou o padre Silvio Tesche, mas o secretariado da paróquia informou que ele se encontra em recolhimento e não se manifestará. A defesa do padre Silvio Tesche disse que os fatos não aconteceram da forma como foram denunciados pelas vítimas.
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