Cunhada da esposa da vítima mostra chinelo que o homem estava usando antes de ser arrastado para o mangue Reprodução

São Paulo - Cleiton Barbosa de Moura, de 24 anos, morreu no último sábado (29) após uma operação da Polícia Militar no bairro Conceiçãozinha, no Guarujá, no litoral paulista. De acordo com um vídeo gravado por uma pessoa que se identifica como cunhada da esposa da vítima, o homem foi tirado e casa, onde estava com seu filho de nove meses, e arrastado para um mangue e foi 'fuzilado'.
''Os policiais chegaram aqui no bairro da Conceiçãozinho. Entraram na residência da minha cunhada. O marido dela estava em casa com o filho pequeno. Ela estava trabalhando. Eles simplesmente entraram dentro de casa, arrancaram ele de casa e levaram para dentro, praticamente, do mangue'', relatou.
''Chinelo jogado, um par dentro de casa, já dá pra saber que ele foi arrastado. Ele é inocente, trabalhador. Estava dentro de casa. Tiraram a vida dele, de um homem que estava dentro de casa e não tem culpa do que está acontecendo por aí a fora. Ele estava com o filho de nove meses no colo e deram para o irmão. Quando a esposa dele chegou em casa, não deram nenhuma informação'', completou.
A operação aconteceu após o assassinato do PM da equipe Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis, de 30 anos. A Secretaria de Segurança Pública confirma 10 mortes em decorrência de ação policial nas comunidades do Guarujá.
A reportagem entrou em contato com a Polícia para entender a versão dos militares sobre as circunstâncias da morte de Patrick, mas não obteve resposta até o momento desta publicação.
Denúncias de tortura
Em entrevista à GloboNews na noite do último domingo (30), Cláudio Silva, ouvidor da Polícia Militar, informou que recebeu denúncias de que os policiais teriam torturado moradores. ''Nós recebemos áudios de moradores e lideranças comunitárias apresentando uma série de relatos de abusos cometidos pelas tropas policiais naquele local. A gente está levantando essas informações, produzindo um relatório e amanhã pela manhã enviaremos à Secretaria de Segurança Pública e à Corregedoria da Polícia Militar''.
Ainda segundo ele, ''a Polícia Militar alega que seus homens atuam com câmeras corporais. Diante disso, nós iremos pedir essas imagens para que nada fique escondido nisso tudo e agente possa averiguar através das imagens se houveram ou não ilegalidades por parte da polícia naquele território'', explicou.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar para saber se a Corregedoria da corporação já tem uma lista dos policiais suspeitos de cometer abusos, mas não obteve resposta.