Romeu Zema foi duramente criticado por comentários xenofóbicos durante entrevistaDivulgação

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), está sendo duramente criticado no meio político e redes sociais por uma fala xenofóbica que fez contra as regiões Norte e Nordeste durante uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. Ele disse que o Consórcio Sul, Sudeste (Cossud) lutará contra o nordeste - que ele comparou a uma “vaquinha que produz pouco” — por um protagonismo político que, segundo ele, sua região “nunca teve”. Zema afirmou que o governo federal não deve “dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixar de lado as que estão produzindo muito”, além de pregar que a direita se una contra a esquerda.

Ironicamente, Minas Gerais é o estado de origem da maior parte dos presidentes do Brasil. Até hoje, seis mineiros chegaram ao posto de Presidente da República, enquanto apenas quatro vieram de estados da Região Nordeste.
A fala preconceituosa não passou despercebida, gerando reações no meio político, na imprensa e na sociedade como um todo. Uma das pessoas que criticaram Zema foi o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que também integra o Consórcio de Integração Sul e Sudeste.

Casagrande afirmou que a posição de Romeu Zema é “pessoal”, e que “O ES participa do Cosud para que ele seja um instrumento de colaboração para o desenvolvimento do Brasil e um canal de diálogo com as demais regiões”. Ratinho Junior, presidente do consórcio e governador do Paraná, segue em silêncio sobre a afirmação do mineiro.
A primeira mulher eleita por Pernambuco para o Senado, Teresa Leitão (PT-PE) disse que “No governo Lula o lema ‘Reconstrução e União’, tem tratamento republicano aos estados da federação, independente de coloração partidária”.

“Aí vem o governador Zema,do mais nordestino estado do Sudeste (MG), propor uma frente contra o nordeste, apenas c/Sul e Sudeste ! Xô,xenofobia !”, completou a senadora pernambucana.
A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), nascida na Região Sul, foi contundente diante da postura do governador de Minas Gerais. “Eu sou do sul e essa fala é inadmissível, temos orgulho no nordeste, do povo nordestino”, disse a deputada.
Já deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) classificou a afirmação de Zema como sendo de uma “insensibilidade atroz” e carregada de desumanidade “típica do bolsonarismo”, ao mesmo tempo em que “ignora o fato de que a força de trabalho responsável por construir o Sudeste foi massivamente composta por migrantes nordestinos”.
Humberto Costa, senador do PT por Pernambuco, disse que “a ignorância e o preconceito de Zema são atributos seus muito conhecidos”, mas ainda assim “não deixam de envergonhar toda vez que vêm a público”. O parlamentar, que nasceu em Campinas (SP) mas vive no Recife desde a infância, também afirmou que “o alento é saber que Minas e os mineiros são muito maiores do que esse funesto sujeito, acidente político em um estado de história tão altiva”.