Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo TeixeiraDivulgação/MST

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, prestará depoimento nesta quinta-feira (10) para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Teixeira irá depor em um momento em que a CPI do MST sofre um enfraquecimento por ações do governo.
Na última quarta-feira (09), o relator da Comissão, deputado Ricardo Salles (PL-SP), disse que não irá mais pedir que haja prorrogação dos trabalhos em 60 dias após uma interferência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Lira anulou o pedido de depoimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que foi visto por Salles como "um péssimo precedente". Ele ainda mencionou a retirada de dois bolsonaristas da CPI do MST, se referindo como uma manobra do Republicanos. Vale ressaltar que tanto o Republicanos, quanto o PP — partidos de Lira — almejam uma vaga em um dos ministérios do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente da CPI do MST, Coronel Zucco (Republicanos-RS), diz que não foi avisado sobre a manobra que o partido teria feito para esvaziar o colegiado. Na noite da última terça-feira (08), o líder do partido, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou um ofício informando que o titular Messias Donato (Republicanos-ES) e do suplente Diego Garcia (Republicanos-PR), estavam sendo desligados da Comissão. O ofício foi enviado para o presidente da Câmara. Não houve justificativas para a decisão.
O relator da Comissão disse que com a "clara mobilização dos partidos que estão negociando espaços no governo", não existem motivos para que seja prorrogado o período. Ele chama de "desserviço" a manobra que o partido executou.

Desde julho, quatro terrenos já foram ocupados pelo Movimento Sem Terra nos estados do Pernambuco, Bahia e Goiás. Dentre os locais, está uma propriedade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que estuda os desenvolvimentos tecnológicos no campo. Com as novas invasões, os trabalhos na Comissão foram intensificados.