Especialistas sugerem que estudantes revisem antigas provas aplicadas no EnemReprodução/Internet
Não à toa, a etapa de preparação costuma ser marcada por ansiedade e o nervosismo à medida que se aproxima o período das provas. Faltando três meses para "a hora da verdade", Ana Clara Sancho, de 17 anos, conta que o “estômago chega a embrulhar” só de se imaginar encarando as maratonas de quase seis horas diárias de estudo, incluindo sábados e domingos.
“É muita coisa, sabe? Às vezes não sei exatamente por onde começar, não sei se estou seguindo o ritmo correto. E o curso que quero fazer é muito concorrido, então piora tudo porque sei que não posso ir mal em nenhuma das provas. É muita pressão”, diz ela, que tenta pela primeira vez chegar uma vaga no curso de Medicina.
O professor Paulo Pereira tem algumas dicas importantes para os estudantes que ainda estejam perdidos. Diretor do Colégio e Curso Zerohum, ele afirma que é necessário criar um “cronograma de estudos realista e consistente”, já que organização e planejamento são fundamentais para a otimização do tempo e melhoria do rendimento.
“É preciso entender as características de cada uma das quatro áreas abordadas: Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. A matemática, que tem 45 questões, é a área com maior abrangência da prova e muito importante na composição da nota geral. Da mesma forma, é preciso praticar redações regularmente. É a parte que pode render maior pontuação”, destaca.
Outra dica importante é acessar os gabaritos de edições anteriores e fazer um levantamento de quais temas abordados com mais frequência. Segundo Fábio Ribeiro, professor de História do Zerohum, é preciso “conhecer o modelo de prova” que será enfrentado.
“O Enem geralmente repete os temas, ou seja, existem temas comuns a cada ano e o aluno tem que tá preparado pra isso. Então o primeiro passo é conhecer todo o funcionamento da prova. Saber quais vão ser os dias, saber como a prova se dá, como ela funciona, quais são as principais matérias cobradas, quais são as disciplinas dessas matérias. Saber todo o resumo dessa prova.
Só que o problema não se restringe apenas ao conteúdo a ser estudado ou às maneiras em que ele deve ser estudado. Também abrange questões físicas e mentais importantes, o que alguns estudantes tendem a ignorar na hora de revisar o conteúdo.
Em seu segundo ano tentando chegar ao ensino superior, Marcelo Teixeira está com 21 anos e tenta “correr contra o tempo” para atingir seus objetivos. Sonhando em ser engenheiro químico, ele diz que não fez o Enem antes por questões pessoais. Teixeira diz que “não quer chegar muito velho na faculdade”. Por isso tem se forçado a estudar mais de dez horas por dia quando não está no cursinho preparatório.
“Infelizmente não consegui passar na primeira vez. As coisas não aconteceram da maneira que eu esperava. Para piorar estou sempre vendo nas redes sociais sobre a necessidade de entrar cedo no mercado (de trabalho). Não quero perder mais tempo. Sinto que não posso perder mais tempo. Por isso, entrei de cabeça no ritmo de estudo. As vezes é pesado, mas não acho que tenho escolha”, afirma.
Apesar da ansiedade de muitos candidatos, Marcos Chaves, professor de Geografia do Curso Loghus, lembra que é importante maneirar no ritmo e saber “abrir mão de algumas questões” para focar nas suas maiores necessidades — ainda mais na reta final de preparação.
“Não adianta você querer estudar como louco, se não souber descansar. Não vai conseguir produzir com qualidade. Uma das questões mais importantes para o vestibular é você saber focar, saber abandonar algumas coisas, deixar outras e focar nas necessidades. É impossível na reta final conseguir estudar tudo. Então foque em fazer simulados, provas anteriores do Enem, provas do PPL [exame Pessoas Privadas de Liberdade]. Isso traz tranquilidade”, aponta o professor.
Sobre como priorizar o conteúdo certo, Chaves afirma que a partir de agosto é quando começa o momento mais importante da preparação. E para entrar afiado em cada questão é preciso “priorizar aquilo que se está errando muito” e ir firme nos simulados. É lá que o aluno irá preparar seu “auto diagnóstico” e entender quais conteúdos estão mais difíceis e confrontá-los.
Com as matérias revisadas e as necessidades definidas, agora o importante é entender que o Enem também é uma prova de resistência física. Conhecida por derrubar seus desafiantes na base do cansaço, a prova deve ser encarada com cautela.
Segundo a psicopedagoga Ester Chapiro, especialista em desenvolvimento humano e diretora da Central de Professores, é preciso manter a calma e visualizar mentalmente quais as principais necessidades antes de começar a escolher as primeiras respostas.
“O ideal é imaginar que é capaz, fazer uma visualização mental. Além disso, a pessoa tem que tentar ficar calma, fazer tudo com calma, não ficar tão preocupado com o tempo. Faça a leitura do texto com as devidas marcações. Outra dica também é focar nas questões que considerar mais fáceis e nas disciplinas que domina mais o conteúdo. Além de ganhar confiança, ganha-se tempo ao eliminar as questões que já tem mais chances de serem garantidas”, explica Chapiro.
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