Governo quer que PF investigue apagão que afetou 25 estados e DFReprodução: redes sociais

Um apagão atingiu o Distrito Federal e 25 estados do Brasil na manhã desta terça-feira, 15. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) interrompeu 16 mil megawatts (MW) de carga. Mas não é a primeira vez que apagões no território nacional são noticiados.
Desde 1993, o país já registrou cerca de 18 apagões em vários estados e regiões. Em 2009, por exemplo, a quantidade de energia desligada foi de 28 mil MW, afetando 18 estados, e 980 MW no Paraguai.

As causas dos apagões variam desde relação à falta de geração de energia, quanto a falhas em sua transmissão.
O apagão de hoje interrompeu o fornecimento nos estados do Norte e Nordeste do Brasil, além de algumas localidades da região Sudeste. Durante a manhã, o Ministério de Minas e Energia (MME) criou um gabinete de crise para monitorar o caso. A pasta também determinou a apuração das causas do incidente. 
A falta de energia também afetou as operações de várias linhas de metrô do país, como em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Por causa do problema, as plataformas ficaram cheias de passageiros e os trens operaram com velocidade reduzida. Em alguns casos, os passageiros precisaram caminhar pelos trilhos para deixar os trens parados.
Segundo o MME, "já houve retomada das cargas afetadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Todas as capitais do Nordeste também tiveram o suprimento de energia normalizado".

No momento, as equipes atuam para restabelecer as cargas ainda afetadas nas regiões Norte e em outras localidades do Nordeste. "Até às 12h30, estão recompostos 41% da carga da região Norte e 85% da região Nordeste", informou a pasta.
Relembre alguns apagões
- 1993
Os estados Rio de Janeiro e Espírito Santo ficaram sem luz no dia 11 de março, devido à queda de duas linhas de transmissão entre Cachoeira Paulista, São Paulo e Adrianópolis, Rio de Janeiro.
- 1997
Um curto-circuito provocou a explosão de dois transformadores em Adrianópolis, no mês de janeiro. No mês seguinte, um dos nove transformadores da subestação explodiu novamente e provocou um incêndio que deixou dez municípios do Rio de Janeiro sem energia. Segundo as notícias da época, o transformador que explodiu havia entrado em funcionamento quatro horas antes.

- 1997/1998
Os cariocas passaram pelo "verão do apagão" entre o fim de 1997 e o início de 1998 por conta da rede sobrecarregada da Light, concessionária responsável pela distribuição de energia no estado. Vários bairros ficaram por quatro horas sem luz no dia 20 de novembro de 1997. De acordo com o que foi divulgado na época, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, ocorreram sucessivos cortes de energia.
- 1998
Outro apagão ocorreu em abril, quando sete torres da usina de Itaipu em Campina da Lagoa, a 460 quilômetros de Curitiba, Paraná, foram derrubadas por ventos. Foram afetadas duas linhas de transmissão e alguns estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste ficaram sem luz.

- 1999
Cerca de 60% do território nacional ficou no escuro após uma descarga elétrica atingir uma subestação de uma companhia energética importante no estado de São Paulo. As regiões do Sul, Sudeste e Centro-oeste foram afetadas além do norte do Paraguai que recebia eletricidade do Brasil. 76 milhões de pessoas foram afetadas.

- 2000
O município do Rio de Janeiro teve mais de 20% da energia cortada no dia 11 de dezembro. Outro apagão ocorrido no início da madrugada do dia 14, atingiu áreas dos estados do Rio, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás e Tocantins.
De acordo com o comunicado da Furnas Centrais Elétricas, às 00h32 teria havido o desligamento de quatro unidades geradoras da usina de Itaipu, no Paraná, provocado pela atuação do esquema de controle e emergência do sistema de 750 kilowatts.
- 2001/2002
Nos últimos dois anos do governo Fernando Henrique Cardoso, os brasileiros conviveram com o risco de um grande apagão. Na época, o país entrou em uma crise energética em junho de 2001. Várias medidas foram tomadas para cortar 20% dos gastos com energia e foi criado o Ministério do Apagão para gerenciar a crise.

O racionamento "voluntário" de energia foi determinado: consumidores que atingissem as metas de economia seriam premiados, enquanto aqueles que não conseguissem reduzir seu consumo seriam punidos. 

Alguns meses antes, em abril, ocorreu uma explosão na subestação da Eletrobrás Furnas em Jacarepaguá, no Rio. Naquele ano, foi divulgado que o disjuntor da linha de transmissão explodiu e o sistema de proteção foi acionado.
Já em janeiro de 2002, penúltimo mês do racionamento energético, um parafuso frouxo na linha de transmissão perto da hidrelétrica de Ilha Solteira, São Paulo, provocou o rompimento. Cerca de 76 milhões de pessoas ficaram às escuras em dez estados.

- 2005
A falha de um funcionário durante a operação do sistema elétrico na subestação de Cachoeira Paulista provocou o apagão que atingiu os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo e parte de Minas Gerais. O incidente aconteceu no dia 1º de janeiro e afetou mais de 3 milhões de pessoas.

A falha humana ocorreu justamente na tentativa de corrigir um defeito técnico no sistema de linhas de transmissão operado pela Eletrobrás Furnas, que desligaram sem motivo aparente. Uma terceira linha já estava desligada, por conta da menor demanda no mês. Com apenas uma linha em funcionamento, o sistema entrou em colapso. Em abril, Furnas foi multada em R$ 4,1 milhões pela falha.
- 2008
Após uma falha em uma subestação da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), o apagão afetou 24 bairros de São Paulo no dia 4 de março. O blecaute causou o desligamento dos semáforos de várias avenidas importantes, como Paulista, Nove de Julho e Brasil. Faltou energia também na Vila Mariana e na região dos Jardins.

- 2009
O apagão de 2009 atingiu pelo menos 18 estados, sendo que quatro deles - Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo — ficaram completamente às escuras. Foram parcialmente atingidos pela falta de luz: Acre, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rondônia.

A quantidade de energia desligada com o apagão foi de 28 mil megawatts (MW) no Brasil, e de 980 MW no Paraguai. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, um curto-circuito derrubou três linhas de alta tensão, o que provocou o desligamento da usina de Itaipu.
Com a perda dessa, outras usinas foram desligadas por questões de segurança. Na nota divulgada pelo ministério, foi ressaltado que no momento do apagão, a região de Itaberá sofria com chuva intensa, ventos fortes e descargas atmosféricas.

- 2010
Todos os estados do Nordeste enfrentaram um apagão parcial por aproximadamente 40 minutos na tarde do dia 10 de fevereiro. Segundo a Eletrobrás, faltou energia por volta das 13h50 — horário local, uma hora a menos de Brasília por conta do horário de verão — e a situação foi normalizada por volta das 14h30.
A estatal informou que em nenhum estado o apagão foi de 100%. As causas do blecaute se deram pela interrupção de parte do fornecimento do Sudeste para o Nordeste. Apesar de ter sido relativamente curto, esse foi o terceiro apagão a atingir mais de um estado desde o final de 2009.

Já o município do Rio teve mais de 20% da energia cortada no dia 11 de dezembro. Um apagão atingiu vários bairros da capital por volta das 11h, o que prejudicou o trânsito em várias ruas e avenidas.
Passageiros do metrô foram dispensados, e as estações foram fechadas até 13h50 e todos os ramais de trens urbanos foram afetados. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), problemas em duas das principais subestações que abastecem o Rio fizeram com que 23% do fornecimento de energia da cidade fossem cortados.
- 2011
Cerca de 47,7 milhões de pessoas afetadas e cerca de 90% do nordeste desprovido de energia elétrica, todos foram efeitos de uma falha na subestação localizada no município de Jatobá na divisa entre Bahia e Pernambuco.

- 2012
Em 2012, dois apagões, ocorridos à noite, deixaram o Norte e o Nordeste brasileiro às escuras. No mais grave apagão do ano, em outubro de 2012, a escuridão tomou conta das cidades por volta da meia-noite e durou cerca de 8 horas. Os moradores utilizam lanternas, luzes de celular, faróis de carro, velas e lamparinas ou qualquer recurso que encontravam para amenizar os efeitos da queda de energia.
Foram atingidos os estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, além de parte do Pará, Tocantins e Distrito Federal.

À época, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por administrar o Sistema Interligado Nacional, confirmou a falta de energia na região a partir da 0h14, porém, não sabe dizer ainda a causa do desligamento das linhas de transmissão. Segundo o órgão, a luz foi restabelecida em Tocantins e Pará pouco depois da 1h30 (hora local).

- 2013
Aconteceu logo após queimada realizada em uma fazenda na cidade de Canto do Buriti, no Piauí. O apagão foi no dia 28 de agosto de 2013 e atingiu nove estados nordestinos.O blecaute provocou o desligamento de duas linhas de transmissão paralelas e totalizou um corte de carga de 10.900 megawatts.
- 2014
O apagão que deixou o Sul, Sudeste, Norte e o Centro-Oeste sem energia por quase duas horas, afetou 12 milhões de pessoas.

- 2018
Antes do Amapá, o último apagão no Brasil aconteceu no dia 21 de março de 2018 e atingiu todas as regiões do país, tendo maior intensidade e duração no Norte e Nordeste. Os estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins foram os mais prejudicados.

O blecaute ocorreu em decorrência de uma falha na linha de transmissão ligada à usina de Belo Monte, no Pará, que não suportou um aumento de carga. No total, 70 milhões de pessoas foram afetadas.
- 2020
No último dia 3 de novembro de 2020 a principal subestação do estado do Amapá pegou fogo, causando o corte no fornecimento de energia para 90% da população do estado. Dos 16 municípios do estado, 13 tiveram o abastecimento de energia interrompido, ocasionando o famoso apagão. O acontecido deixou cerca de 765 mil pessoas sem energia elétrica por mais de 10 dias.

O caso foi tão grave que as eleições municipais da capital Macapá tiveram de ser adiada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

- 2021
Já em 2021, um problema na linha de transmissão que leva energia elétrica do Pará para o restante do país desligou sete turbinas da usina hidrelétrica de Belo Monte e deixou diversos estados sem energia por cerca de 20 minutos.

Na época, o apagão atingiu principalmente o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste. Além disso, a Enel Brasil confirmou que as regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás foram afetadas pelo corte na luz.

Em nota, a Aneel disse que o problema teria afetado um bipolo do sistema de transmissão da usina de Belo Monte, e levou a um corte de carga de 3,4 mil MW no SIN. Entretanto, a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, informou que o "apagão" ocorrido na manhã de hoje não foi provocado pela usina, "mas sim por uma falha na linha de transmissão, operada por outra empresa", no caso a BMTE.
Investigação do apagão de 2023
O Operador Nacional do Sistema informou um problema no sistema nacional que levou a interrupção no fornecimento de 16 mil MW de carga em 25 estados e no Distrito Federal.

Segundo o coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, a causa do apagão, de hoje, deve ser operacional, pois não há um alerta pela seca, por exemplo, que pudesse impactar a produção e distribuição de energia. "

Apesar do baixo nível de chuva, não estamos em uma situação de seca extrema, principalmente na região nordeste, que foi onde começou o apagão", esclarece.
De acordo com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, ainda não há informações sobre a causa do apagão. Feitosa explicou que todas as ocorrências de grande porte no sistema de transmissão têm uma regulamentação para avaliação das causas.
"O sistema de transmissão brasileiro é sofisticado, com diversos agentes de transmissão, distribuição e geração. Um evento dessas proporções precisa ser avaliado com critérios para que possamos depois atribuir alguma causa específica. Nesse momento, não temos nenhuma causa repassada", afirmou o diretor.

Feitosa reforçou que a prioridade das autoridades e órgãos do setor elétrico é retomar o suprimento de energia elétrica em todas as localidades que foram afetadas pelo apagão ao longo do período da manhã.

Segundo ele, eventual instauração de processos para aplicação de sanções só será analisada após a normalização no Sistema Interligado Nacional (SIN).
"Primeira preocupação que temos em um evento desse é restaurar o serviço e é exatamente isso que, nesse momento, o Ministério está envolvido, o Operador Nacional do Sistema Elétrico, as empresas e a Aneel. Eventuais repercussões, depois que o problema estiver resolvido, é que nós vamos passar para essa etapa", afirmou após reunião da diretoria da Aneel.