Jair e Michelle BolsonaroMarcelo Camargo/Agência Brasil

Desde que se tornou uma das pessoas investigadas pelo esquema de venda ilegal de joias recebidas pela Presidência no exterior, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro aparece ironizando a situação que ameaça afetar o capital eleitoral e a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nesta quinta-feira, 31, antes de ir para o depoimento simultâneo na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde ficou em silêncio assim como o marido, Michelle postou um vídeo treinando MMA (sigla em inglês para artes marciais mistas) com a legenda: "Das porradas da vida, essas são as melhores".
O vídeo foi compartilhado por Anderson Carvalho, que se autointitula coach de muay thai e MMA e aparece treinando a ex-primeira-dama. No vídeo, Michelle brincou: "Adoro quando ele erra (os golpes)".
No último sábado, 26, a ex-primeira-dama já havia feito ironia ao tema em um evento do PL Mulher em Pernambuco. Na ocasião, ela disse que ia criar uma linha de produtos chamada "Mijoias", por ser questionada sobre o destino dos objetos no caso investigado pela PF.
"Tem um povo tão atrapalhado, se fosse lá em Brasília eu ia falar um povo tapado, que fica assim: 'Cadê as joias, você não vai entregar?' Querida, a joia está na Caixa Econômica Federal. Mas vocês pediram tanto, vocês falaram tanto de joias que, em breve, nós teremos lançamento: 'Mijoias' para vocês", disse, sob aplausos de aliadas.
A ex-primeira-dama afirmou ainda que teve a reputação "achincalhada" e que faria "do limão uma limonada docinha".
Naquela ocasião, Michelle também disse que as indagações sobre o comércio ilegal de joias recebidas em viagens oficiais ocorrem para desviar o foco da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que investiga os atos de invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes. A ex-primeira-dama também afirmou que Bolsonaro não perdeu as eleições, já que uma grande bancada de aliados do ex-presidente foi escolhida para compor o Congresso Nacional.
PF investiga joia que teria 'sumido' com Michelle
Deflagrada em 11 de agosto, a Operação Lucas 12:2 da PF revelou que aliados do ex-presidente teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República. Segundo a PF, essas peças, que deveriam ser incorporados ao acervo da União, foram omitidas dos órgãos públicos, incorporadas ao estoque pessoal de Bolsonaro e negociadas no exterior para fins de enriquecimento ilícito.
As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo da Arábia Saudita, que seriam posteriormente entregues para Bolsonaro e Michelle.