O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, não levou em consideração o alerta emitido pela MetSulDivulgação
Na noite de quarta-feira, a MetSul emitiu nota rebatendo o governador gaúcho. Destacando que alertara para o risco de chuvas em volumes “excepcionais” e “sem precedentes”, a empresa disse que Eduardo Leite desconsiderou o aviso, preferindo seguir as previsões da Defesa Civil estadual, que apontavam chuvas de até 100 mm.
Na entrevista à GloboNews, Leite classificou como “imprecisos” os modelos matemáticos utilizados pela Meteorologia. O comentário foi criticado pela MetSul. Segundo a empresa, o discurso do governador coloca em dúvida a ciência. “O governador em sua fala, contudo, coloca em xeque o trabalho da Meteorologia e, por efeito, o nosso trabalho. Não era o nosso desejo emitir esta nota oficial neste momento de calamidade estadual, mas os esclarecimentos são devidos à sociedade gaúcha. A MetSul Meteorologia foi o único ente de previsão do tempo a advertir para a possibilidade de volumes de chuva acima de 300 mm na Metade Norte gaúcha neste começo de setembro”, diz a nota
A nota destaca ainda que o alerta foi emitido em 31 de agosto — e reforçado no dia seguinte — e que o poder público poderia ter se preparado melhor para enfrentar os efeitos do ciclone. “Estas previsões foram baseadas na experiência dos nossos profissionais de até 40 anos no ramo meteorológico e nas nossas ferramentas de previsão do tempo em que a nossa empresa investiu nos últimos anos que incluem modelos próprios e os de maior índice de acerto do mundo, considerados “padrão ouro” na ciência meteorológica”, ressalta a Metsul.
Na entrevista ao canal de notícias, Leite foi questionado pelo jornalista André Trigueiros sobre o alerta emitido pela empresa. O governador gaúcho se irritou e disse que Trigueiros estava tentando culpabilizá-lo por um evento climático imprevisível.
Confira a íntegra da nota da MetSul
“O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou em entrevista ao programa Em Pauta, da GloboNews, na noite desta quarta-feira, que os modelos matemáticos de previsão do tempo de institutos meteorológicos não indicavam o volume de chuva que atingiu o estado nos últimos dias.
“O governador em sua fala, contudo, coloca em xeque o trabalho da Meteorologia e, por efeito, o nosso trabalho. Não era o nosso desejo emitir esta nota oficial neste momento de calamidade estadual, mas os esclarecimentos são devidos à sociedade gaúcha. A MetSul Meteorologia foi o único ente de previsão do tempo a advertir para a possibilidade de volumes de chuva acima de 300 mm na Metade Norte gaúcha neste começo de setembro. Como em junho tinha sido o único a alertar para a chuva extrema de 350 mm no Litoral Norte no ciclone. Como em fevereiro último emitiu a única previsão de chuva de 500 mm a 700 mm no Litoral Norte de São Paulo, prognóstico que foi reputado como 'impossível' por especialistas ouvidos na mídia.
"Estas previsões foram baseadas na experiência dos nossos profissionais de até 40 anos no ramo meteorológico e nas nossas ferramentas de previsão do tempo em que a nossa empresa investiu nos últimos anos que incluem modelos próprios e os de maior índice de acerto do mundo, considerados 'padrão ouro' na ciência meteorológica. No dia 31 de agosto, cinco dias antes da catástrofe, a MetSul Meteorologia publicou alerta com o título: 'Setembro começa com chuva extrema, onda de tempestades e enchentes'. O aviso trazia projeção de modelo de 300 mm a 500 mm na Metade Norte e a nossa advertência de que poderia chover mais de 300 mm. No dia seguinte, em 1º de setembro, 72 horas antes do desastre, novo alerta sob o título 'Alerta: chuva virá com volumes excepcionais de até 300 mm a 500 mm1. O texto dizia que 'o cenário de precipitação para estes primeiros dez dias de setembro não tem precedentes nos últimos anos', acrescentava que 'os acumulados de precipitação em algumas cidades gaúchas somente durante os primeiros dez dias do mês podem atingir praticamente a média histórica de chuva de toda a primavera” e enfatizava que “a situação foge ao convencional'.
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