Pesquisa foi realizada pela Associação dos Delegados de Polícia do BrasilAgência Brasil
Quase 65% das investigações policiais são concluídas, diz pesquisa de delegados
Estudo abarca informações desde 2021 e os quesitos apresentados foram vinculados à existência de algum índice de resolução de inquéritos em base anual na Polícia Civil
Pesquisa realizada pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol do Brasil) mostra que aproximadamente 65% dos inquéritos instaurados em 2022 no País foram solucionados.
Segundo o delegado Rodolfo Queiroz Laterza, presidente da entidade que representa profissionais do país inteiro, o levantamento foi realizado a pedido da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. O estudo abarca informações desde 2021.
"Baseado em fontes oficiais, com dados fornecidos diretamente por cada instituição policial demandada, esse é um estudo inédito e embasado sobre os índices de resolutividade e elucidação de inquéritos policiais das Polícias Civis e da Polícia Federal", diz Laterza.
O delegado é mestre em Segurança Pública e pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal, Criminologia, Ciência Política, Medicina Legal e Ciências Forenses, Direito Público, e Políticas e Gestão em Segurança Pública.
Os quesitos apresentados foram vinculados à existência de algum índice de resolução de inquéritos policiais em base anual na Polícia Civil. No âmbito da Polícia Federal, de acordo com Laterza, o índice de resolução de inquéritos em 2021 foi de 81,29%, e dos relatados até 31 de agosto de 2022, 82,31% tiveram solução.
Sobre indicadores de crimes de homicídio o índice de solução foi de 78,38% em 2021 e 80,46% em 2022. Laterza destaca que esse cenário é comparável ao dos EUA (66%).
A pesquisa foi feita nos 26 Estados e no Distrito Federal. "A média aritmética nacional de resolução de inquéritos corresponde a 64,16% de elucidação em 2022?, assinala o delegado.
Na visão da Associação, a metodologia aplicada e os quesitos apresentados produzem 'um rico substrato documental e estatísticos das instituições, abrangendo, inclusive, o déficit de efetivo, o subfinanciamento crônico e o sucateamento progressivo das Polícias'.
"Esses números são significativos e podem ser atribuídos ao trabalho abnegado e dedicado de todos os servidores das Polícias Civil e Federal", afirma Laterza.
Os questionamentos a cada instituição policial estavam relacionados à existência de um índice de resolução de inquéritos policiais em uma base anual para a Polícia Civil. No caso da existência de tal índice, o estudo procurou entender qual foi o indicador considerando a proporção entre inquéritos instaurados e relatados.
Outro ponto abordado foi o levantamento dos indicadores de resolutividade para inquéritos que tratam de crimes de homicídio, patrimônio e violência doméstica - sempre utilizando o mesmo parâmetro para aferição.
"Este é um estudo pioneiro e, embora não seja perfeito, oferece uma análise relevante que grifa a necessidade crucial de investir nas polícias civis", defende Rodolfo Queiroz Laterza.
Em sua avaliação, "a investigação desempenha um papel fundamental na política de segurança pública e não deve ser encarada como secundária, como muitos governos parecem considerar".
Segundo Laterza, a eficácia do trabalho investigativo da polícia não deveria ser mensurada apenas com base na denúncia do Ministério Público, "uma vez que isso pode não ser o resultado mais adequado". "Nem todas as investigações resultam em uma denúncia, por exemplo, nos casos em que o autor do homicídio já faleceu ou quando a morte se mostra ser um suicídio", ressalta.
Estados e inquéritos concluídos:
Acre - 57%
Paraíba - 38%
Alagoas - 86%
Paraná - 71,9%
Amapá - 74,5%
Pernambuco - 63,51%
Amazonas - 60%
Piauí - Não informou
Bahia - 39,02%
Rio de Janeiro - 56,65%
Ceará - 68%
Rio Grande do Norte - Não informou
Distrito Federal - 58%
Rio Grande do Sul - 80%
Espírito Santo - 54,66%
Rondônia - 80,93%
Goiás - 61,89%
Roraima - 31,07%
Maranhão - 96,65%
Santa Catarina - 31%
Mato Grosso - 93,51%
São Paulo - 26,2%
Mato Grosso do Sul - 94,9%
Sergipe - 83,41%
Minas Gerais - 72,26%
Tocantins - 35,4%
Pará - 89,59%
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