Número de brasileiros que apoiam a legalização do aborto registrou quedaInternet/Reprodução
Brasileiros estão divididos sobre legalização do aborto, aponta pesquisa da Ipsos
Sondagem revela tendência de queda de apoio ao procedimento em 19 dos 25 países que participam da série histórica
A pesquisa Ipsos Global Views on Abortion 2023 revela um país dividido com relação à legalização do aborto. No Brasil, 43% dos entrevistados dizem que o aborto deve ser ilegal, enquanto 39% dizem que deveria ser legal, um empate técnico dada a margem de erro de 3,5 pontos percentuais. A sondagem anual da Ipsos mostra uma queda de 9 p.p. no apoio em comparação com dados de 2022, quando 48% dos entrevistados se disseram favoráveis a legalização.
Na comparação global, o Brasil é o quarto país que menos aprova a legalização entre os 29 que participaram do estudo, com 39% dos entrevistados dizendo sim. Fica à frente de Indonésia (22%), Malásia (29%) e Índia (36%), empatado com a Colômbia (39%).
No outro extremo, os 5 países que mais apoiam a legalização do aborto estão na Europa. Suécia vem em primeiro com 87 % de apoio, seguida de França (82%), Holanda (76%), Espanha (73%) e Bélgica (73%).
A tendência é de queda de apoio ao procedimento em 19 dos 25 países que participam da série histórica, incluindo os quatro primeiros do ranking. As maiores quedas aconteceram no Peru (-10p.p.), Brasil (-9p.p.) e Coreia do Sul (-8p.p.).
“Entre 2022 e 2023 a favorabilidade em relação ao aborto caiu no Brasil, de 48% passou para 39%. Esse dado não surpreende se pensarmos no quanto este e outros temas foram explorados nos últimos anos por motivos políticos. Além disso, sabemos que a sociedade brasileira é conservadora e patriarcal, portanto, temas da ‘pauta comportamental’ são sempre encarados de maneira controversa. Estamos vivendo um momento de avanços e retrocessos que acontecem de forma quase concomitante em vários temas, não apenas nesse”, afirma Priscilla Branco, gerente sênio de Public Affairs da Ipsos no Brasil.
Quando o aborto deve ser legal?
A tolerância do brasileiro ao aborto é maior em algumas circunstâncias específicas. Dizem sim à legalização quando a gravidez é resultado de estupro (70%), quando a gravidez ameaça a vida da mãe (66%), ou quando o bebê tem grandes chances de nascer com sérios problemas de saúde (50%).
Mas o apoio a legalização do aborto cai quando por opção materna, e restrição cresce conforme aumenta o tempo de gestação: apenas 45% aceitam a interrupção da gestação até 6 semanas, 31% aceitam a interrupção até 14 semanas, e 21% até 20 semanas.
Na média global, quase 8 em 10 pessoas responderam sim à legalização do aborto quando a vida da mulher estiver em risco (78%). O apoio é maior na Suécia (92%) e na França (90%) e menor na Índia (52%).
No caso de estupro, 72% globalmente acham que o aborto deveria ser legal. O suporte é novamente mais alto em França e Suécia (ambos 89%), e menor na Indonésia, único país onde mais pessoas dizem que o aborto não deve ser legal no caso de estupro em comparação com aqueles que dizem deve ser (32% sim x 50% não). A Indonésia também tem o menor apoio a interrupção da gravidez para o caso de bebês com deficiências graves ou problemas de saúde, com 41% para sim, ante uma média global de 65%.
Global Views on Abortion 2023
A pesquisa Ipsos Global Views on Abortion 2023 foi feita em 29 países, entre os dias 23 de junho e 7 de julho de 2023, com 23.248 adultos de 21 a 74 anos na Indonésia e Cingapura, de 20 a 74 na Tailândia, de 18 a 74 nos Estados Unidos, Canadá e República da Irlanda, Malásia, África do Sul e Turquia, e 16 a 74 em outros países, por meio da plataforma de pesquisa on-line Global Advisor da Ipsos.
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