Caso está sendo investigado pelas polícias Civil e Militar do Mato Grosso do SulDivulgação
Os corpos da líder espiritual e de seu companheiro foram encontrados carbonizados na casa onde viviam, na Terra Indígena (TI) Guasuti, no município de Aral Moreira (MS). Ambos foram mortos por Robson Rocha, de 26 anos, que não soube dizer a motivação do crime. Segundo o delegado Maurício Vargas, ele disse apenas "que fez" sem pensar muito. Neto de consideração das vítimas, o suspeito usou cachaça para atear fogo no local onde o casal morava.
Ainda de acordo com o Cimi, membros da TI Guasuti acreditam que o casal pode ter sofrido agressões antes de terem a casa incendiada. Para a comunidade, resta também preocupação quanto a violação do xiru da líder espiritual, uma espécie de oratório, que, na crença de seu povo, encerra seres e poderes que, se queimados, espalham doenças e males.
A Kuñangue Aty Guasu, Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul, ressaltou nesta terça-feira, 19, que Ñhandesy Sebastiana já havia recebido ameaças de morte nos últimos anos, em um contexto que a entidade entende como fruto de "discursos coloniais de ódio", reproduzidos no estado.
"Isso demonstra que a violência seguida de homicídio/feminicídio que dona Sebastiana e seu Rufino foram vítimas não é apenas uma tragédia individual, mas também uma realidade violenta enfrentada por muitos rezadores e guardiões das ancestralidades indígenas Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul”.
A Kuñangue Aty Guasu disse em nota que “repudia qualquer forma de violência, principalmente aquela perpetrada contra mulheres, meninas, anciões e anciãs indígenas. Esse crime bárbaro é inaceitável e exige que a justiça seja feita de forma rigorosa”.
Também nesta terça-feira, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que cumpre agenda em Nova York, disse, em vídeo veiculado no perfil oficial que a pasta mantém no Instagram, que "não basta lamentar" e que o governo está acompanhando o caso, inclusive pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e pedindo maior agilidade nas investigações.
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