Meta é ter pelo menos 80% das crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos, em todo o país, com o esquema vacinal completoDivulgação / SMS
Segundo o Programa Nacional de Imunização (PNI), para alcançar a imunidade são necessárias duas doses da vacina. A meta é ter pelo menos 80% das crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos, em todo o país, com o esquema vacinal completo. Segundo o governo de São Paulo, no acumulado dos últimos seis anos, 59,6% das meninas entre 9 e 14 anos e 39,2% dos meninos tomaram as duas doses da vacina.
Não existe um dado de cobertura vacinal contra o HPV ano a ano. Mas levando em conta apenas as crianças com 9 anos, quando se inicia o esquema de imunização, 17,84% das meninas e menos de 11% (10,66%) dos meninos tinham tomado a primeira dose da vacina, em 2023. Mesmo que o estado consiga repetir o mesmo desempenho do ano passado, pouco mais da metade das meninas terão começado o esquema vacinal. Em 2022, 55,43% das meninas e 12,87% dos meninos com 9 anos tomaram a primeira dose da vacina.
Veto à campanha
A proposta determinava a criação de um calendário estadual de vacinação do vírus HPV, que se iniciaria em março de cada ano, garantindo o direito à vacinação do HPV preferencialmente nas escolas do estado de São Paulo no mês de março.
Na justificativa do veto, o governador alegou que a secretaria da Saúde considerou dispensável a aprovação do projeto por já existirem políticas públicas em execução na área. Entre outros pontos, ele argumentou que a vacina contra o HPV está inserida no Calendário Nacional de Vacinação e que a Coordenadoria de Controle de Doenças já promove campanhas de esclarecimento.
Vacinação nas escolas
Ela cita países que adotaram com sucesso a política de vacinação contra o vírus e já conseguiram reduzir casos de câncer na população: Suécia, Reino Unido, Austrália e Dinamarca. “Inclusive, esses países estão passando agora a fazer vacinação em dose única só para manutenção da pouca circulação do vírus”.
O veto do governo ainda pode ser derrubado pelos deputados, mas uma das autoras do PL, deputada Marina Helou, sabe que não é tarefa fácil. “Sabemos que derrubar um veto do governador na Assembleia não é um processo simples, mas existe a possibilidade. Neste momento, gostaríamos que o governo do Estado ampliasse a prevenção e o combate ao HPV”, afirmou.
Em nota, o governo estadual reforçou que as propostas do PL já são executadas no estado, por meio do PNI. Segundo o texto, a imunização está disponível desde 2014 em mais de 5 mil postos de saúde no estado.
No Brasil, são 17 mil casos de câncer de colo de útero diagnosticados por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e estima-se que cerca de 5 mil mulheres morram por ano vítimas desta doença. Trata-se da infecção viral mais comum do trato reprodutivo no mundo e estudos comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas em algum momento de suas vidas.
A professora-associada do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e médica-assistente do Hospital das Clínicas da FMUSP, Ana Marli Cristovan Sartori, enfatizou que o Programa Nacional de Imunização estimula ações de microplanejamento pelos municípios para aumentar as coberturas vacinais e várias estratégias podem ser adotadas.
Para ela, é importante não descartar a vacinação nas escolas, principalmente após a pandemia de covid-19 que, com o isolamento social e fechamento das escolas, impactou nas coberturas vacinais em geral, mas particularmente as coberturas da vacina HPV.
Segundo a professora, cerca de 36% dos municípios paulistas responderam a um questionário sobre a estratégia de vacinação de HPV nas escolas nos municípios do Estado de São Paulo, de 2015 a 2018.
Governo
Segundo o governo, serão feitas melhorias nos sistemas de registro e acompanhamento das vacinas administradas, “a fim de identificar lacunas na imunização”.
A nota diz ainda que o estado adota diferentes estratégias para aumentar a cobertura vacinal entre as crianças, que incluem campanhas de conscientização para informar os pais e responsáveis sobre a importância da imunização. A secretaria destaca a campanha Vacina 100 Dúvidas, lançada em março, que propõe tirar dúvidas e incentivar a vacinação.
O imunizante está disponível para a população elegível, de 9 a 14 anos, em cerca de 5 mil postos do estado. Para receber a vacina, é preciso estar acompanhado dos pais ou responsáveis, apresentar um documento com foto e a caderneta de vacinação.
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