É recomendado imunizar 90% do público-alvoPedro Ivo /Agência O Dia
O grupo participou da segunda edição do projeto Conhecimento é vacina para desinformação. Nele, cerca de 30 estudantes, na faixa etária de 13 a 15 anos, conheceram quais caminhos para identificar a veracidade de uma mensagem.
Desde 2017, a jornalista Gracielly Bittencourt, idealizadora do projeto, passou a pesquisar sobre desinformação, e passou a se dedicar aos impactos da divulgação de notícias falsas, as fake news, na vacinação de HPV, que previne o Papilomavírus Humano, responsável pela infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo e associado ao desenvolvimento do câncer de colo de útero e outros tumores.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019, 87,08% das meninas entre 9 e 14 anos de idade receberam a primeira dose da vacina. Em 2022, o percentual caiu para 75,81%. Entre os meninos, a cobertura vacinal passou de 61,55%, em 2019, para 52,16% em 2022. O recomendado é imunizar 90% do público-alvo.
A partir daí, desenvolveu o projeto como forma de mostrar aos jovens a importância de consumir informações corretas. “Não adianta mais apenas checarmos as notícias. A gente precisa formar o público para saber o que é verdade ou falso”, afirma a jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A iniciativa foi vencedora do programa FactCheckLab em 2020. Em 2022, a jornalista participou do International Visitor Leadership Program (IVLP), curso de jovens líderes promovido pelo governo norte-americano e decidiu tirar o projeto do papel. O projeto tem apoio financeiro do Escritório de Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Aprender a checar uma informação
Segundo a jornalista, pela proximidade com as redes sociais e habilidade com tecnologia, os jovens rapidamente conseguem encontrar uma fake news, no entanto, precisam saber como entender o que é confiável ou não. “Com ações simples, você consegue perceber [a desinformação]. Não é preciso ser um grande investigador”, explica. “Eles são capazes, só falta o despertar”, acrescenta.
Nas conversas, os jovens trazem dúvidas básicas sobre a vacina de HPV, entre elas, se podem tomar doses atrasadas.
É o caso de João Felipe Oliveira, do 8º ano, que contou não saber do imunizante antes de participar do projeto. “Achei bem legal conscientizar os jovens sobre a importância das vacinas. Não ficar caindo em qualquer coisa que vê no WhatsApp, porque normalmente é mentira”, disse.
Para Gracielly Bittencourt, o desconhecimento sobre a vacina mostra que a informação não chegou a esse público por uma falta de ação do Estado e das próprias famílias.
A professora de matemática do centro de ensino, Raiane Ribeiro, contou que a escola tentou promover a ida de uma equipe de saúde para uma ação de vacinação dentro da escola, porém vários pais desautorizaram a medida. Para a docente, as negativas têm relação com informações falsas.
Raiane Ribeiro acredita que projeto poderá ajudar a difundir a cultura da checagem de informação entre os estudantes e nos seus lares. “É importante que eles [alunos] entendam como procurar sites confiáveis. O que eles recebem via WhatsApp, Instagram, eles passam para frente sem verificar a veracidade da informação.”
As oficinas terão uma terceira edição. A primeira ocorreu em 2022 em uma escola de Ceilândia, também no Distrito Federal.
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