Deputado federal Gustavo GayerMyke Sena/Câmara dos Deputados
Deputado bolsonarista diz que vai punir filha se ela tirar boa nota no Enem
Gustavo Gayer está entre os parlamentares que reclamaram de 'questões ideológicas' no exame
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou nesta quarta-feira, 8, em uma sessão da Câmara dos Deputados, que vai punir a sua filha adolescente de 17 anos se ela tirar uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o parlamentar, que é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pessoas que tiverem um desempenho positivo na avaliação são "avatares ideológicos".
"Eu falei para a minha filha de 17 anos que fez essa porcaria aqui no domingo, que se ela tiver tirado uma nota boa nisso aqui ela vai sofrer punição. Porque se uma pessoa tira uma nota boa nisso aqui, uma pessoa que se sai bem nessa abominação, já não é mais um indivíduo, é um avatar ideológico. É uma pessoa que nunca vai alcançar os seus reais potenciais, nunca vai conseguir pensar por conta própria", afirmou Gayer.
A declaração de Gayer foi feita durante uma sessão da Comissão de Educação da Câmara, que ouviu o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios. Na audiência, Palacios disse que não demoniza o agronegócio e defendeu o instituto das acusações de viés ideológico na prova, aplicada neste último domingo, 5.
O Estadão procurou o deputado Gustavo Gayer, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.
Na segunda-feira, 6, a Frente Nacional da Agropecuária (FPA), que conta a participação de 347 congressistas, pediu a anulação de três questões do exame, que abordaram os efeitos do agronegócio no Cerrado e na Floresta Amazônica e a nova corrida espacial feita por bilionários.
A polêmica com as questões do exame nacional levaram a Comissão de Agricultura da Câmara a aprovar, nesta quarta-feira, 8, a convocação dos ministros Camilo Santana (Educação) e Marina Silva (Meio Ambiente) para prestar esclarecimentos sobre posturas de "discriminação" e "perseguição" feitas ao agronegócio.
Durante a sessão na Comissão de Educação nesta quarta, o presidente do Inep afirmou que não irá pedir a anulação das três questões e nem mudar o formato da prova. "É claro que o Enem não demoniza o agronegócio, é claro que o Inep não demoniza o agronegócio. É claro que todos reconhecemos a imensa importância do agronegócio no País. Mas isso não precisa ser dito, é um tanto óbvio", afirmou Palácios.
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