Em 2019, o percentual de empreendedores sem curso superior era de 88%Agência Brasil
Houve aumento do número de pessoas que declararam ter terminado o segundo grau. Enquanto em 2019 este percentual era de 43% do total, em 2023 subiu para 46%. Dessa forma, o percentual de microempreendedores que tinham o primeiro grau incompleto caiu de 21% para 16%.
Para o presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), César Silva, os números não surpreendem por revelar a realidade da educação superior no país. “O setor tem mais de 35 milhões de vagas em oferta e somente 2,5 milhões de ingressantes por ano, uma das menores demandas dos últimos anos, além da maior taxa de evasão durante os cursos”, afirmou, em nota.
Segundo Silva, perde-se, em média, por evasão, 30% dos ingressantes por ano. O motivo principal é a falta de conexão entre o ensino superior e as competências exigidas no mercado de trabalho. “Muita coisa não se aprende nos bancos de faculdades, mas sim na prática. Então, muitas vezes, o aluno se vê desmotivado ao não conseguir perceber qual será a aplicação daquele conhecimento”, observa.
Para César Silva, uma medida positiva para auxiliar estas pessoas a se prepararem melhor para empreender é o aumento do número de cursos técnicos.
O especialista ressalta que o Brasil, ao contrário de países desenvolvidos, apresenta menos de 10% dos jovens estudantes do ensino médio vinculados à educação profissional. “Os três últimos anos de estudo, na etapa da juventude, devem ser voltados para uma formação mais contextualizada e alinhada com as necessidades de produtividade do país. Tal mudança tende a reduzir a evasão dos estudantes e também trazer uma aplicação aos empreendedores do futuro”.
Analfabetismo
“Sabemos que uma parte importante dos microempreendedores atuam em segmentos mais artesanais, como de confecção de bijuterias, tear, culinária etc. Sua profissão não exige que seja alfabetizado. No entanto, esta situação preocupa por conta da necessidade de conhecimento para cuidar da gestão do empreendimento, como o fluxo de caixa, empréstimos e até a parte burocrática como emissão de nota fiscal”, afirma a diretora executiva do Ceape Brasil, Claudia Cisneiros.
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