Comunidades dos Flexais estão ilhadas socialmente após o deslocamento de cinco bairros vizinhos a partir de 2019Cibele Tenório / Agência Brasil
As comunidades dos Flexais estão ilhadas socialmente após o deslocamento de cinco bairros vizinhos a partir de 2019. Só é possível acessá-lo passando pelas regiões que se transformaram em fantasma após o desalojamento da população.
O líder comunitário Maurício Sarmento reclama que não há um plano para a retirada dos moradores das comunidades de Flexal de Cima e Flexal de Baixo. Segundo ele, há tratamento diferenciado por parte da prefeitura e da Braskem em relação a outros bairros da cidade afetados pela mina, onde já houve a retirada de moradores e pagamento de indenizações.
“Temos que sair daqui, não pode ter tratamento diferenciado com outras áreas que já estão afetadas. Não aceitamos ir para abrigos públicos, pois o que aconteceu aqui não foi um acidente, foi um crime. Queremos sair daqui com dignidade e com indenização justa”, diz Sarmento. Ele classifica a situação como racismo ambiental com as comunidades afetadas.
A dona de casa Malbete dos Santos Correia, de 54 anos, também reclama da diferença de tratamento em relação a outros bairros. Ela diz que, mesmo não querendo deixar o local onde mora desde que nasceu, pensa em ir para casa de parentes porque não tem condições de alugar outro imóvel.
“Estou pensando em sair, mesmo sem proteção nenhuma, porque como estou vivendo não é jeito de ninguém viver. A gente não vive mais, não estamos dormindo nem se alimentando, aqui não tem açougue, padaria, farmácia, mercadinho, não tem nada”, lamenta, dizendo que também não quer ficar em alojamentos disponibilizados pela prefeitura.
A Defesa Civil de Maceió informou que a velocidade de afundamento da mina 18, que fica abaixo do antigo campo de treinamento do clube de futebol CSA, no bairro do Mutange, é de 2,6 centímetros por hora. Pode ocorrer a qualquer momento um afundamento de terra de danos que ainda não são presumíveis.
Prefeitura e Braskem
A Braskem ainda não se manifestou sobre as demandas dos moradores. A empresa diz seguir o mapa de linhas prioritárias de realocação das famílias definido pela Defesa Civil e que está apoiando a realocação emergencial dos moradores dos imóveis que ainda resistiam em permanecer na área de desocupação. A realocação preventiva de toda a área de risco foi iniciada em dezembro de 2019 e 99,3% dos imóveis já estão desocupados.
A exploração de sal-gema subterrâneo ocorre há 40 anos em Maceió. Ao todo, há 35 minas de exploração, que tiveram suas atividades suspensas em 2019. Mais de 60 mil pessoas tiveram que ser removidas dos bairros atingidos.
Trens parados
Segundo a companhia, como as manifestações ocorreram em cima dos trilhos, serão necessários reparos na via. “A paralisação temporária se faz necessária para reparar os danos da via, bem como avaliar a segurança dos funcionários e usuários do sistema ferroviário”, informou em nota.
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