Presenças de Sérgio Cabral e José Dirceu não agradaram sócios do Clube dos MarimbásReprodução: redes sociais
"O PT vai fazer um congresso em 2025. Precisamos pensar como vamos fazer uma mudança no PT", afirmou o ex-ministro. "Se nós analisarmos a situação da direita, não é só parlamentar e eleitoral, também diretório, territórios e militância, PP, PR, PL, PSD, União Brasil, eles estão ficando fortes (...) Hoje, o Brasil está muito politizado, e em disputa político-cultural. E a direita está ganhando."
Dirceu não faz parte do governo, mas ainda é umas das lideranças do partido. Na semana passada, ele acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular condenações que somam 32 anos na Operação Lava Jato. A defesa do ex-ministro pediu que o STF reconheça que ex-juiz Sergio Moro, hoje senador, foi parcial ao condená-lo.
Na entrevista, Dirceu reforçou as autocríticas vocalizadas recentemente por Lula sobre a estrutura do partido. Segundo ele, a legenda poderia ser "dez vezes maior" dado ao apoio eleitoral e social da sigla.
Na Conferência Eleitoral do PT, realizada em dezembro de 2023, Lula fez críticas à atual capacidade política da sigla. "Temos que nos perguntar por que um partido muitas vezes no discurso diz que tem toda a verdade e só conseguiu eleger 70 deputados. Por que tão pouco, se a gente é tão bom? Será que estamos tentando convencer o povo das nossas verdades ou temos que aprender com o povo para falar com eles?", perguntou.
Militância
Lula sustentou, naquela mesma conferência, que a militância deveria retornar ao trabalho de base. "O dinheiro ainda pesa. Mas o trabalho de base não tem dinheiro que compre. E precisamos voltar a fazer trabalho de base", afirmou. "Bota uma bota e vai visitar cada casa, conversar com as pessoas. Vá na igreja, converse com o pastor, com as mulheres e homens que estão lá", disse.
Dirceu faz críticas indiretas à presidente do PT e defende Haddad
Indo em direção contrária ao que disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Dirceu disse que foi "quase uma covardia" não ter havido total apoio às propostas econômicas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Gleisi e Haddad trocaram farpas ao longo do ano passado em razão da condução da política econômica nacional. A divergência continua em 2024.
No episódio mais recente, já neste mês, Gleisi disse, ao jornal O Globo, que criticar as decisões do ministro da Fazenda é "um dever" e faz parte da tradição do partido.
Dirceu acredita que PT pode ampliar número de vereadores
Além de dizer que o PT precisa "se reconstruir" e se atualizar ao que foi no primeiro governo Lula, Dirceu analisou que o partido pode ampliar o número de vereadores por causa da figura de Lula, mas também apontou que será preciso calcular parcerias políticas com outros partidos.
"Acho que podemos ampliar muito o número de vereadores. Lula tem 60% de votos em mais de 2 mil municípios brasileiros. Tem que eleger vereador nesses municípios, nem que seja um, dois", disse "Temos que disputar onde temos chances de vencer em cidades médias e grandes. E temos que nos apoiar nos aliados em que podem vencer. Nosso governo não é só do PT."
Dirceu vê o MDB e o PSD como principais parceiros na construção do novo governo Lula. "(Além do PSB, PCdoB, PSOL, PV e PDT), esse é um governo que inclui PSD e MDB. Sempre digo: o PSD, o MDB e o PT (juntos) são 160 deputados e quase 40 senadores", disse. "Isso não quer dizer que vamos ter unidade em questões econômicas", observou.
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