Um homem de 46 anos morreu no último sábado, 27, em Aracruz, município do norte do Espírito Santo, por suspeita de contaminação por toxina presente no peixe baiacu, depois de um mês de internação após ter os sintomas iniciais registrados pelo consumo do alimento. A Secretaria da Saúde do estado informa que foi notificada sobre o caso.
"A equipe da Vigilância em Saúde seguirá o protocolo de investigação em conjunto com o município. O prazo para investigação clínico-epidemiológica fica em torno de 30 dias", acrescenta a pasta.
Magno Sérgio Gomes estava reunido com parentes e amigos quando consumiu o baiacu e começou a passar mal em 23 de dezembro. Segundo a irmã da vítima, ele recebeu um saco de peixes de um amigo. Ela explica que a família já consumiu a carne venenosa outras vezes, mas vinha limpa do mercado. No entanto, dessa vez, Magno e o amigo se juntaram para higienizar a carne.
Ainda de acordo com a irmã, a vítima começou a passar mal depois de limpar a carne e correu para o hospital. Magno sofreu uma parada cardio respiratória na recepção e precisou ser entubado as pressas pelos médicos. Transferido para uma unidade de terapia intensiva, ele ficou cerca de 35 dias internados e colocado em coma induzido. Apesar de chegar a apresentar melhoras, o quadro piorou e veio a óbito no último sábado.
Pai de três filhos, uma delas de apenas 15 anos, Magno trabalhava como coordenador de uma terceirizada da multinacional estaleiro Jurong, em Aracruz, empresa especializada na construção de plataformas para exploração de petróleo e gás em alto mar.
Intoxicação rara
O baiacu é um dos peixes mais controversos da culinária mundial. Estudos científicos relatam que o envenenamento por baiacu é uma das formas mais graves de intoxicação por animais aquáticos e pode causar a morte em pouco tempo.
"O veneno, a tetrodotoxina, normalmente concentra-se mais no fígado, no baço, na vesícula biliar, nas glândulas sexuais e na pele do peixe. A substância não se altera com a temperatura, portanto, o veneno permanece intacto mesmo se a carne for congelada ou preparada em altas temperaturas. Por isso, o cuidado com o preparo da carne é tão importante", afirma a secretaria.
De acordo com o Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen), a intoxicação após ingestão da carne de baiacu ocorre raramente.
"Os baiacus ou peixes-bola são peixes venenosos comuns na costa brasileira. Os mais importantes no Brasil são os baiacus-araras ou baiacus-lisos e os baiacus-pintados", afirmou.
Conforme o Toxcen, as complicações neurológicas se manifestam por meio de dormência na boca e nas extremidades, fraqueza muscular, distúrbios visuais e outros sintomas.
"Ocorrem também náuseas, vômitos, dores abdominais e diarreia, e podem acontecer ainda convulsões e parada cardiorrespiratória nas primeiras 24 horas", reforça.
O diagnóstico da intoxicação por baiacu é clínico, sendo importante o acompanhante do paciente informar se a pessoa comeu este tipo de peixe.
Em caso de suspeita de envenenamentos e intoxicações em geral, o Centro de Informação e Assistência Tóxica pode ser acionado 24h pelo telefone 0800 283 9904.
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