A explosão de casos de dengue em diversas regiões do país fez com que pelo menos quatro estados — Acre, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal — decretassem situação de emergência em saúde pública.
O decreto do estado de Goiás foi publicado na última sexta-feira, 2. Dados da Secretaria de Saúde indicam que, este ano, foram registrados 22.275 casos de dengue e duas mortes no estado — um aumento de 58% na comparação com o mesmo período de 2023.
Minas Gerais publicou decreto de emergência em saúde pública no último dia 27. Até o dia 29, foram registrados 64.724 casos prováveis e 23.389 casos confirmados da doença, além de um óbito confirmado e 35 em investigação.
Já o Distrito Federal publicou seu decreto no dia 25 de janeiro. O boletim epidemiológico mais recente aponta 29.492 casos prováveis de dengue nas primeiras quatro semanas do ano, além de seis mortes pela doença.
O decreto do estado do Acre foi publicado logo no início do ano, no dia 5. Até meados de janeiro, o estado havia contabilizado 2.532 notificações de casos de dengue. A capital, Rio Branco, lidera o quantitativo de casos.
Durante todo o ano de 2023, foram 22.959 casos. Já o número de internações bateu recorde no primeiro mês do ano, com 362 pacientes hospitalizados no município.
Reunião da OMS e governo brasileiro
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, se reúne nesta segunda com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto. Adhanom também se encontra com a ministra da Saúde, Nísia Trindade. As reuniões acontecem em meio ao aumento de casos de dengue no país.
Oficialmente, a visita de Adhanom ao Brasil é para o lançamento do Plano de Eliminação de Doenças Determinadas Socialmente, uma iniciativa do ministério para combater doenças que afetam especialmente populações vulneráveis, como tuberculose, malária, HIV e hanseníase. No entanto, integrantes do governo afirmam que será inevitável discutir a situação da dengue no Brasil.
O aumento nos casos preocupa as autoridades, com os números de janeiro deste ano superando significativamente os do mesmo período do ano passado. Foram identificados 232,9 mil casos nas primeiras quatro semanas epidemiológicas de 2024, em comparação com 65.366 no mesmo período de 2023, representando um crescimento de 252%.
Vacinação contra a dengue
O Brasil comprou 5,2 milhões de doses de vacina contra a dengue para imunizar a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O primeiro carregamento de vacinas, com 757 mil doses, chegou ao país no dia 20 de janeiro. O próximo lote chega ao país neste mês, com 568 mil doses. A previsão é que até dezembro todas as vacinas tenham sido entregues. O governo também já contratou 9 milhões de doses para 2025.
A aplicação da vacina contra dengue começa neste mês em 521 municípios onde a dengue é endêmica, ou seja, tem grande incidência naquele território. A princípio, serão vacinadas somente crianças e adolescentes de 10 a 14 anos (faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue).
Durante reunião da comissão tripartite do SUS na última quinta-feira, a ministra Nísia Trindade ponderou que a vacina é muito importante, mas não é a principal resposta à crise nesse momento. Nísia afirmou que é preciso que a sociedade ajude no esforço de prevenção da dengue eliminando focos do mosquito.
"A vacina é uma esperança, um instrumento fundamental, mas não é uma resposta para situação de crise", disse ela, explicando que a imunização é feita em duas doses e com espaço de meses, de modo que a prevenção é a chave nesse momento.
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