Suposto envolvimento de militares nos atos golpistas criam desconforto nos clubes militaresMarcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília - Uma semana após a operação da Polícia Federal que prendeu militares e teve como alvo generais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) suspeitos de planejar um golpe de Estado, os Clubes Militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica publicaram nota conjunta afirmando que há uma "apreensão" com a "exposição de distintos chefes" das Forças Armadas.
De acordo com o texto, publicado na quinta-feira, 15, as suspeitas de envolvimento em atos golpistas são insustentáveis se forem consideradas as histórias de vida dos oficiais. Os clubes reúnem militares da reserva. "Em um momento em que nossa sociedade enfrenta perigosa polarização, surge a preocupação com antagonismos entre diferentes setores. Observamos, com apreensão, a exposição de distintos chefes militares, associados a atos que supostamente atentaram o estado democrático de direito - algo que, cumpre registrar, consideradas as suas trajetórias de vida, avaliamos ser pouco sustentável", diz a nota.
‘Dissenso'
O texto também faz referência a pessoas que pressionaram as Forças Armadas por uma posição "mais extremada" após a operação policial. O clube declarou que não vai promover "o dissenso no seio das Forças Armadas" e que o desejo de ação radical é "objetivo permanente daqueles que não comungam de nossos ideais, valores e amor à Pátria".
A nota é assinada pelo general Sérgio Carneiro, presidente do Clube Militar do Exército, pelo almirante João Prado Maia, chefe do Clube Naval, e pelo major-brigadeiro Marco Antonio Carballo Perez, que comanda o Clube de Aeronáutica.
Alvos
A Operação Tempus Veritatis foi deflagrada após ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e busca investigar a ação de uma organização criminosa, supostamente formada por Bolsonaro e ex-ministros militares de alta patente que atuavam em uma tentativa de golpe de Estado.
Entre os alvos da operação estão os ex-ministros militares do governo passado Walter Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e os ex-comandantes das Forças Armadas Paulo Sérgio Nogueira (Exército) e Almir Garnier Santos (Marinha). Também estão na lista outros 13 integrantes das Forças, alocados na ativa e na reserva.
Moraes ordenou a prisão de Bernardo Romão Correa Neto e Marcelo Câmara, dois coronéis do Exército.