Brasil melhora, mas ainda cai em IDH global e não atinge o pré-pandemiaFernando Frazão/Agência Brasil

Após duas quedas, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou, passando de 0,754 para 0,760, patamar considerado elevado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), responsável pela divulgação do indicador, mas abaixo do registrado pré-pandemia. Os novos dados foram apresentados ontem.
O IDH varia de 0 a 1. Quanto mais próximo o índice estiver de 1, melhor a pontuação do país. Antes da pandemia, o IDH do Brasil chegou a ficar em 0,766, mas houve queda diante dos impactos socioeconômicos da crise sanitária. Agora, o patamar voltou a subir, sobretudo por causa da melhora na expectativa de vida.
Ainda assim, o País caiu duas posições no ranking global de desenvolvimento da ONU, passando de 87º, em 2021, para 89º, em 2022, dado mais recente disponível. O Brasil fica à frente de outros países sul-americanos, como Colômbia e Equador, mas atrás de Uruguai e Argentina.
A média do indicador na América Latina é de 0,763, ligeiramente acima do brasileiro. O ranking é liderado por Suíça, Noruega e Islândia. Os EUA aparecem na 20ª colocação, enquanto a China surge na 75.ª e a Índia, na 134ª.
PARA ENTENDER
O IDH é uma medida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. Detalhando, a expectativa de vida no País voltou a subir após a pandemia, passando de 72,8 anos para 73,4. A renda per capita também aumentou no mesmo período, de US$ 14.379 (R$ 71.895) para US$ 14.615 (R$ 73.075). Mas a expectativa de escolaridade (em anos de estudo) ficou estagnada em 15,6. O economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, diz que a pandemia deve entrar na conta. "O Brasil foi pior que o mundo - talvez as reações do País à pandemia não tenham sido das melhores, com vacinação lenta, escolas fechadas, coisas desse tipo", afirmou, esperando retomada forte no próximo ano.
Diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição afirmou que o Brasil está inserido em um contexto mundial. "Não foi só por causa da pandemia (que houve queda no ranking geral)." A organização aponta que há recuperação global, mas ainda de forma desigual e afetada pela "polarização política".
Outros elementos considerados no trabalho da ONU são a desigualdade e o ambiente. Se fosse considerada a desigualdade de gênero, porém, a projeção é de que o Brasil cairia, ficando com 0,577.
AMBIENTE E SAÚDE
Já ao considerar o nível de emissão de dióxido de carbono, o valor do IDH iria para 0,702. Além dos efeitos de aumento de temperatura e perda de biodiversidade, a ONU alerta que o aquecimento global pode "alterar o padrão de exposição a doenças e infecções à medida que temperaturas mais quentes alteram a gama de insetos portadores de doenças". A citação vale para o mosquito Aedes aegypti, que causa epidemia de dengue em várias partes do País.