Fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró pretendiam sair do BrasilReprodução Youtube
Fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró pretendiam sair do Brasil
Informação foi confirmada pelo ministro da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira (4)
Brasília - Os fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró pretendiam deixar o Brasil. Eles foram presos nesta quinta-feira (4), próximo da Rodovia 222, perto de Marabá, no Pará. A informação foi divulgada pelo ministro da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante coletiva de imprensa.
Ainda segundo o ministro, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento retornarão para o presídio onde estavam após "reformulações" no esquema de segurança. Lewandowski considerou a operação um sucesso, pois "não foi disparado nenhum tiro". "Nós combateremos o crime organizado com inteligência. (...) Quero afirmar a todos que é uma vitória das Forças de Segurança do Brasil e que demonstra que o crime organizado no nosso país não será bem sucedido", disse.
Durante o pronunciamento, o ministro afirmou que o fato da captura dos criminosos ter passado de 50 dias é "razoável" e que segue os "paradigmas internacionais de localização de fugitivos de penitenciárias". "Não chegamos há dois meses (de buscas) em um país de dimensões continentais. O local onde eles se refugiaram era um local da mata e da caatinga e as buscas também foram prejudicadas por intensas chuvas que atingiram a região no momento em que estamos atrás deles".
Ao ser questionado sobre uma possível pressão do Palácio do Planalto para resolver o caso, Lewandowski comentou que recebeu um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o parabenizando pelas prisões, mas negou ter sido pressionado. "Nós trabalhamos tecnicamente, não recebemos pressão de nenhum lado. Mas é claro que uma interlocução com o Palácio do Planalto e com o Congresso é sempre muito bem-vinda. Recebi um telefonema do presidente Lula que está obviamente muito satisfeito, mas não com o sucesso do ministro, mas sim com as Forças de Segurança do país".
Ele também relembrou que recentemente a Polícia Federal descobriu quem foi o mandante do crime que matou Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes.
Fuga e ajuda
Os dois deixaram o presídio de segurança máxima por volta das 3h da madrugada, quando teriam escalado até o teto através de uma lâmpada e, em seguida, cortado uma cerca. Ambos são envolvidos em guerras de facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas no Acre e têm ligação com o Comando Vermelho, uma das principais quadrilhas do gênero no país. Foi a primeira fuga do sistema penitenciário federal, criado em 2006.
No dia seguinte à fuga, foram encontrados pegadas e objetos que pertenceriam à dupla e foram usados para traçar o caminho que eles já teriam percorrido. De acordo com o 2º Batalhão da Polícia Militar (2 BPM), foram localizadas duas camisas, uma rede e rastros de sapatilhas semelhantes as usadas pelos internos no presídio federal. O rastro foi encontrado nos arredores da Serra de Mossoró, que fica próxima ao Rancho da Caça, localidade onde uma casa foi furtada na manhã da véspera.
Durante o período em que estiveram foragidos, Deibson e Rogério teriam contado com a ajuda de pessoas já do lado de fora do presídio. Pelo menos cinco foram presos. O último a ser detido foi o mecânico Ronaildo Fernandes, que teria recebido R$ 5 mil em sua conta para repassar aos fugitivos.
Fernandes é dono da propriedade em Baraúna, na divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará, onde a dupla ficou escondida por oito dias. No local, os dois se refugiaram em uma cabana montada no meio da roça e cavaram buracos para escapar da vista de drones e helicópteros, que sobrevoam a região, que fica a cerca de 30 quilômetros do presídio. O mecânico foi preso preventivamente sob suspeita de ter colaborado com os presos. Ele alega inocência, dizendo que foi coagido a prestar o auxílio.
A Polícia Federal já havia prendido outros seis suspeitos de ajudar os dois fugitivos do presídio federal de Mossoró. Um deles é o irmão de Deibson Nascimento. Preso no Acre, Johnney Weyd Nascimento foi condenado por roubo e participação em organização criminosa e tinha um mandado de prisão em aberto.
Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento ainda fizeram uma família refém, pediram comida, queriam ver notícias sobre a fuga e roubaram celulares. A dupla ficou no local por cerca de quatro horas, não pediu dinheiro e fugiu a pé. As informações foram reveladas pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmadas pelo Estadão.
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