O sinistro de trânsito que tirou a vida do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, na madrugada do domingo de Páscoa está longe de ser um caso isolado. A tragédia, que poderia ter sido evitada caso as regras de trânsito fossem obedecidas, evidencia o flagrante aumento da imprudência nas estradas brasileiras. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelam que o número de infrações por excesso de velocidade cresceu 132% no ano passado em comparação com 2022. Enquanto em 2023 foram registradas 2.961.624 infrações por transitar em velocidade superior à máxima permitida, em 2022 esse número ficou em 1.275.703.
No ano passado, metade das infrações cometidas por motoristas brasileiros se referia ao excesso de velocidade. Em 2022, essa proporção era de 30%. "Esse dado é assustador e revela de forma inequívoca que o motorista brasileiro está mais imprudente. Por isso, infelizmente, não é de se estranhar o crescimento no número de sinistros e de mortes no trânsito", comenta o coordenador nacional da Mobilização de Médicos e Psicólogos Especialistas em Tráfego, Alysson Coimbra.
Os dados da PRF mostram que o excesso de velocidade foi o terceiro maior causador de sinistros nas rodovias federais em 2023, ficando atrás apenas de causas relacionadas à desatenção (reação tardia do condutor; ausência de reação do condutor e acessar a via sem observar a presença de outros veículos) e de motoristas que deixaram de manter distância do veículo à frente.
Segundo a PRF, no ano passado 25.456 sinistros foram provocados por causas relacionadas à desatenção; 4.263 foram causados por motoristas que não mantiveram distância segura do veículo à frente e 4.239 ocorrências envolveram condutores que dirigiam em velocidade incompatível com a permitida na vida.
"As ruas, avenidas e rodovias têm um limite de velocidade para proteger a vida de todos nesses espaços coletivos. Esse número não é determinado pelo acaso, é fruto de um trabalho técnico-científico. Estudos já mostraram que, se alguém for atropelado por um carro a 60 km/h, as chances dessa pessoa morrer são de 98%. Se a velocidade for reduzida para 40 km/h, o risco de morte cai para 35%. Ou seja, correr no trânsito mata", completa o especialista em segurança viária.
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