Deltan Dallagnol, ex-deputado e ex-procurador da Lava JatoFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
"Esse é o ponto comum entre a Lava jato e o que vemos hoje no STF. A Lava Jato combateu um tipo de abusos de donos de poder que praticavam corrupção. Nós vemos hoje um outro tipo de abuso de poder, que é o arbítrio e o abuso judicial", seguiu.
O ex-procurador também criticou a 'hipocrisia' de pessoas que criticavam 'supostos abusos da Lava Jato e agora silenciam diante de abusos escancarados, 100 mil vezes pior, praticados na mais alta esfera do nosso país'.
Pré-candidato à Prefeitura de Curitiba pelo Novo, Deltan participou do painel 'Desafios e Perspectivas no Combate à Corrupção' elencando uma série de tópicos ligados 'a destruição da Lava Jato'. Ele destacou três 'ondas de reação do sistema' à Operação: 'a mudança de regras do jogo'; a 'perseguição' dos agentes que buscaram combater a corrupção; e a anulação 'casuística' de casos.
"O que está acontecendo é o que sempre aconteceu no Brasil. Elites extrativistas se uniram ao longo da história para roubar o Brasil, extrair riquezas, se proteger e a impunidade é só a cereja do bolo dessa extração de riqueza que gera um capitalismo de compadrio, que prejudica o desenvolvimento nacional. E quando elas se veem ameaçadas pela revelação dos escândalos de corrupção, essas pessoas ameaçadas mudam as regras do jogo e criam um fundo bilionário para que elas possam se perpetuar no poder", indicou.
Nesse contexto, a avaliação de Deltan é que, hoje, a corrupção se uniu a um segundo problema, o 'crescente arbítrio judicial'. O ex-procurador citou, por exemplo, o que considera 'cerceamento de liberdade de expressão no conteúdo'. Para ele, 'pessoas que deram opiniões' foram restringidas no período eleitoral e não cabe à Justiça 'sindicar opiniões'. "Se criou um conceito de desordem informacional para tirar do ar um vídeo com informações verdadeiras", sustentou.
Além disso, o ex-chefe da Lava Jato apontou o suposto cerceamento de liberdade de expressão via meio de comunicação, com a derrubada de perfis em redes sociais. Para Deltan, a medida configura 'censura prévia': "Não tem previsão legal. É o equivalente a cortar a língua de uma pessoa".
Outros pontos criticados pelo deputado são 'medidas invasivas sem fundamento aparente, com objetivo de pesca probatória', o avanço de investigações 'sem competência no Supremo Tribunal Federal', sobre pessoas sem foro por prerrogativa de função e o julgamento de réus do 8 de janeiro. "Condenações por crimes impossíveis, a penas desproporcionais. O mensalão desviou R$ 100 milhões e foram punidos com 7 anos de prisão. E senhorinhas presas com Bíblia e um terço na mão pegaram 17 anos de prisão", sustentou.
"Violações do devido processo legal no inquérito das fake news, milícias digitais e atos antidemocráticos; inquéritos temáticos; sigilo, criando ambiente de terror", seguiu.
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