FecomercioSP defende que Perse é essencial para retomada do setor de evento e turismoDivulgação
Ainda durante a reunião, Renata também se mostrou preocupada com as críticas que o programa recebeu no começo do ano, com denúncias de fraudes que, juntas, formavam um rombo no orçamento público. "O setor como um todo não pode ser prejudicado por causa do uso malfeito de alguns pouquíssimos negócios", explicou.
De forma geral, o documento entregue à deputada pede que não haja redução das atividades econômicas (CNAEs) previstas no programa, a manutenção da isenção de tributos federais até 2027, como estava previsto no escopo inicial do projeto, para empresas enquadradas no regime do Lucro Real, e a diminuição das alíquotas para os negócios dos setores apenas a partir de 2025.
No primeiro aspecto, o PL que será votado prevê que só 12 das 44 CNAEs inicialmente beneficiadas pelo programa continuem no escopo do Perse daqui em diante. Sairiam do escopo, assim, negócios fundamentais para o setor de eventos, com os de bufê de eventos, de filmagem publicitária ou de aluguel de palcos, por exemplo. "Representaria uma insegurança jurídica absurda", avaliou Dietze. "Esse será um dos temas mais delicados da discussão no Congresso, mas do qual não vamos abrir mão", completou Renata Abreu.
Se fosse efetivado dessa maneira, reduzindo setores, teria também um impacto significativo para muitas empresas de eventos que não estavam preparadas para lidar com o aumento dos custos ainda neste ano. O Perse foi criado em 2021 pelo governo federal e, segundo entidades do setor, foi fundamental para que esses negócios mantivessem seus investimentos, renegociassem dívidas e gerassem novos postos de trabalho mesmo durante a pandemia – e principalmente depois dela.
"Não é trivial que o estoque de 43 mil empregos formais que o setor de eventos tinha 2020 só foi recuperado na metade de 2022. No fim do ano passado, esse número chegou a 73 mil postos de trabalho. Ainda assim, dados do Conselho de Turismo apontam que o setor turístico perdeu 40% do seu faturamento entre março de 2020 e fevereiro de 2021, no auge da crise sanitária. Em termos absolutos (e já corrigidos pela inflação), isso significa uma perda de quase R$ 90 bilhões", estima a FecomercioSP.
"Não há como pensar nessa recuperação toda, e mesmo na retomada da relevância do turismo para a economia do país, sem o Perse", afirmou o deputado Victor Linhalis (Podemos-ES), um dos negociadores mais importantes do programa no Congresso – e que também esteve presente no encontro.
Já a retirada de empresas do Lucro Real acabaria gerando, na visão da FecomercioSP, uma grande desigualdade competitiva, já que apenas negócios enquadrados no lucro arbitrado vão continuar sendo beneficiados pelo Perse.
"A FecomercioSP, assim como outras entidades e empresas dos setores de eventos e do turismo, vai continuar acompanhando o tema e se articulando contra o PL e suas possíveis continuidades em outros projetos", concluiu a entidade.
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