Rio Taquari após enchentes em Taquari, no Rio Grande do SulAFP

O número de mortes provocadas pelos temporais que atingem o Rio Grande do Sul subiu para 105 confirmadas e quatro em investigação nesta quarta-feira, 8. Além disso, há um caso em investigação. Segundo o novo balanço divulgado pela Defesa Civil, o número de feridos também subiu para 374, e ao menos 136 pessoas desaparecidas.
Os dados ainda mostram que 164.583 pessoas estão desalojadas e 67.542 estão em abrigos públicos, com necessidade de itens como colchões, cobertores e roupa de cama e banho. Ao todo, pelo menos 425 cidades foram afetadas e mais de 1,47 milhão pessoas sofrem com as inundações.
"Esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas", diz o governador Eduardo Leite (PSDB).
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 210 mil clientes estão sem luz. Já a outra concessionária de energia, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Equatorial, divulgou que há mais de 198 mil clientes sem energia em sua área de atuação.
Ao todo, são mais de 540 mil sem água, de um total de 6 milhões de clientes da Corsan no RS. Há ainda dezenas de municípios sem serviços de telefonia e internet das companhias Tim, Vivo e Claro, de acordo com a Defesa Civil.
Os temporais também causaram danos na infraestrutura viária do estado. Pelo menos 85 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, 38 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
De acordo com o balanço da Defesa Civil, mais de 270 mil estudantes foram impactados pelas cheias em escolas em toda Rede Estadual de ensino, com as aulas suspensas.
O boletim ainda mostra os números de escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
- 941 escolas
- 233 municípios
- 28 Coordenadorias Regionais de Educação
- 327.993 estudantes impactados
- 421 escolas danificadas
- 71 escolas servindo de abrigo
Governo do Estado declara calamidade pública
O governador do estado Eduardo Leite (PSDB) declarou estado de calamidade pública. A medida foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial.
Em coletiva, Eduardo Leite (PSDB) afirmou que o estado precisará de um "Plano Marshall" para reconstrução.
"O Rio Grande do Sul vai precisar de uma espécie de Plano Marshall de reconstrução", disse.
"Um plano de excepcionalidade em processos, em recursos, em medidas absolutamente extraordinárias. Porque, como eu insisto, quem já foi vítima da tragédia não pode ser vítima depois da desassistência e da demora", completou.
Leite reforçou que o momento "histórico" exige medidas "absolutamente extraordinárias, porque quem já foi vítima da tragédia não pode ser vítima depois da desassistência", declarou a jornalistas no início desta noite de sábado.

O governador gaúcho frisou que as diferenças políticas precisam ser colocadas de lado no momento em que o estado enfrenta fortes chuvas. "Temos que estar à altura do que a história nos exige, como lideranças públicas, colocando de lado qualquer diferença neste momento", afirmou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Rio Grande do Sul, onde se reuniu com Leite no dia 2. No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação Integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.
"Tudo que estiver no alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou seja através dos nossos militares, vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva", disse Lula, após a reunião.
Neste domingo, 5, o chefe do Executivo esteve novamente no Rio Grande do Sul. Durante a visita, elencou uma série de ações prioritárias que devem ser tomadas pelo governo federal para lidar com os efeitos dos desastres. Entre as providências, está a viabilização de uma linha de crédito para empresas afetadas.
Além disso, Lula garantiu verba para reconstrução de estradas no estado e prometeu reduzir a burocracia para as obras.
"Eu sei que o estado tem uma situação financeira difícil, sei que tem muitas estradas com problema. Quero dizer que o governo federal através do Ministério dos Transporte vai ajudar vocês a recuperarem as estradas estaduais", afirmou Lula em pronunciamento após sobrevoar a região metropolitana de Porto Alegre, acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do Senado, Rodrigo Pacheco; e do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo federal enviou 100 integrantes da Força Nacional para o RS. A tropa federal tem ajudado nas operações de salvamento e resgate das pessoas atingidas pelas enchentes.

Dos 100 enviados para a região, 60 deles são bombeiros para auxiliar na resposta ao desastre causado pelos temporais no estado. Também foram deslocados para o estado 25 caminhonetes, dois ônibus, um caminhão e três botes de resgate. São 36 policiais federais que estão envolvidos diretamente nos trabalhos.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) mobilizou 75 agentes para as operações de salvamento e resgate das pessoas atingidas pelas enchentes, além de sete especialistas em resgate.
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.