Bebê salva ao lado da roupa da gêmea vítima das enchentes no RSReprodução/redes sociais

Uma bebê, de apenas sete meses, que estava desaparecida desde o dia 4 de maio após cair do barco durante o resgate foi encontrada sem vida, em Canoas, Rio Grande do Sul. A informação foi divulgada neste domingo, 12, por Gabrielli Rodrigues da Silva, de 24 anos, mãe da criança. A irmã gêmea da bebê também estava na embarcação e conseguiu ser salva.
"Infelizmente, a história não acabou como queria. Agora, este vazio da foto vai ser eterno. Agora, a saudade e a lembrança vão fazer morada", escreveu a mãe da bebê.
Gabrielli buscava pela filha desde que o barco que resgatou familiares de uma região inundada virou. As buscas mobilizaram voluntários e equipes de forças de segurança.
Apesar da tragédia, a jovem afirma saber que "ninguém teve culpa", e se disse grata pelo resgate feito pelas pessoas que buscaram sua família no segundo andar de casa enquanto a água subia.
Após o barco virar durante o resgate, as duas bebês foram retiradas da água, uma delas por bombeiros e outra por voluntários. No entanto, uma das crianças não foi mais vista depois do socorro.
"Sei que ninguém teve culpa. Ninguém! Muito menos as pessoas que se disponibilizaram em nos salvar. A todos que estavam dando a vida para nos salvar, toda a minha gratidão. Vocês são meus heróis", agradece a mãe.
A outra gêmea que foi salva, foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário de Canoas. A avó delas, Dina Rodrigues, estava no barco quando ele virou e não soube determinar o número de outras pessoas presentes na embarcação naquele momento.
O pai das bebês não estava presente no momento do resgate. De acordo com ele, "primeiro (os socorristas) estavam resgatando as mulheres e crianças". O casal ainda cuida de mais dois filhos.
Consequência dos temporais
A tragédia no Rio Grande do Sul já deixou 147 mortes confirmadas, segundo boletim da Defesa Civil divulgado nesta segunda-feira, 13. O número de feridos subiu para 806 e 127 desaparecidas.
Os dados ainda mostram que mais de 538 mil pessoas estão desalojadas e mais de 81 mil estão em abrigos públicos, com necessidade de itens como colchões, cobertores e roupa de cama e banho. Ao todo, pelo menos 447 cidades foram afetadas e mais de 2 milhões de pessoas sofrem com as inundações.
"Esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas", diz o governador.
O balanço também aponta que mais de 76 mil vítimas das enchentes já foram resgatadas e mais de 10 mil animais foram salvos, na grande operação que conta mais de 27 mil pessoas, mais de 4 mil viaturas, 41 aeronaves e 340 embarcações.
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 143 mil clientes estão sem luz. Já a outra concessionária de energia, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Equatorial, divulgou que há mais de 142 mil clientes sem energia em sua área de atuação.
Ao todo, são mais de 131 mil sem água, de um total de 6 milhões de clientes da Corsan no RS. Há ainda dezenas de municípios sem serviços de telefonia e internet das companhias Tim, Vivo e Claro, de acordo com a Defesa Civil.
Os temporais também causaram danos na infraestrutura viária do estado. Pelo menos 105 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, 59 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
De acordo com o balanço da Defesa Civil, mais de 270 mil estudantes foram impactados pelas cheias em escolas em toda Rede Estadual de ensino, com as aulas suspensas.
O boletim ainda mostra os números de escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
- 1.031 escolas
- 244 municípios
- 29 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs)
- 359.002 estudantes impactados
- 532 escolas danificadas com 217.416 estudantes matriculados
- 82 escolas servindo de abrigo
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.