Ruas repletas de água no bairro de Laranjal, em PelotasReprodução / Internet
A Lagoa dos Patos recebe a água vinda de vários rios do Rio Grande do Sul, mas a vazão até o oceano está retida pelo grande volume das chuvas e também por causa do forte vento. Em Pelotas, outra cidade na região sul do Estado bastante afetada pela cheia, a prefeitura ampliou o mapa de áreas com alto risco de inundação por causa do sistema de drenagem sobrecarregado. O canal de São Gonçalo registrou a marca histórica de 3 metros. O máximo registrado até então era de 2,88 metros na enchente de 1941.
"Geralmente, a maré sobe à noite e baixa de dia. Essa pressão da elevação da maré e a redução da saída da água está provocando inundações em Rio Grande e, consequentemente, ocasiona o efeito de empilhamento das massas de água, provocando a elevação da Lagoa dos Patos na nossa região, dificultando o escoamento do canal", detalhou a hidróloga Tamara Beskow.
O Lago Guaíba estava nesta quinta-feira (16) com o nível de 4,86 metros (1,86 m acima da cota de inundação). Mas a redução da enchente em Porto Alegre permitiu a retomada de rotina em alguns pontos - a área, no entanto, deve se manter até o fim do mês acima da cota de inundação.
Balanço
O Rio Grande do Sul vive a maior tragédia climática de sua história, atingido por fortes temporais desde o dia 29. Segundo a Defesa Civil Estadual, 461 dos 497 municípios gaúchos foram afetados, e mais de 540 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Em consequência das chuvas, 154 pessoas morreram e 98 seguem desaparecidas.
Atualmente, são 94 trechos com bloqueios totais e parciais em 51 rodovias, entre estradas, pontes e balsas. As informações são do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), consolidadas com o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), abrangendo também rodovias concedidas e as administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).
O que fazer com os abrigos?
Segundo o vice-governador, Gabriel Souza, o Estado planeja montar estruturas provisórias para os desabrigados nos municípios de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Guaíba - quatro das cidades que mais tiveram desalojados pelas enchentes
"Nós estamos procurando locais para a colocação rápida de estruturas provisórias com dignidade mínima. Em três já encontramos locais. Teremos espaço para crianças e pets, lavanderia coletiva, cozinha comunitária, dormitórios e banheiros. Isso nesse período em que as pessoas ainda necessitarão desse apoio", afirmou Souza, em entrevista concedida ontem à Rádio Gaúcha. Atualmente, esses milhares de desabrigados estão alojados em escolas, igrejas, clubes e outros estabelecimentos que nas próximas semanas vão retomar as atividades e, por isso, não poderão continuar abrigando as pessoas atingidas, daí a necessidade de transferi-las.
'Pouco tempo'
"Temos pouco tempo para montar. Logo teremos o exaurimento de alguns locais. Na semana que vem, vamos iniciar a contratação. Até amanhã (sexta, 17) vamos ter o descritivo das estruturas temporárias necessárias. É mais rápido contratar um serviço de montagem dessas estruturas. É como se fosse uma estrutura de eventos, com qualificação para albergar pessoas", detalhou o vice-governador, que citou os prováveis lugares em que as estruturas serão montadas. "Tem o Porto Seco, em Porto Alegre. Temos o Centro Olímpico Municipal, em Canoas. Em São Leopoldo estão indicando o Parque de Eventos. Em Guaíba irei pessoalmente, pois estamos com dificuldades de encontrar áreas que não sejam inundáveis. Guaíba está recebendo muitos desabrigados de Eldorado do Sul."
Na entrevista, o vice-governador também abordou os cuidados com a reconstrução das cidades e de trechos destruídos. Segundo ele, é possível que cidades inteiras precisem ser removidas de lugar, para não ficarem mais sujeitas às condições climáticas. "Não estamos descartando ter de deslocar cidades inteiras do local atual. Essa é a situação. Não adianta só se preparar, não adianta ter sistemas de alerta. Há lugares onde não se pode descartar a remoção. Prefiro não citar (as cidades nessa situação) para não suscitar pânico. Não podemos descartar. Isso já aconteceu no mundo. Cidades inteiras sendo revisadas quanto à ocupação urbana", afirmou.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
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