Centenas passam por uma passarela que liga as cidades de Lajeado a Arroio do MeioRafa Neddermeyer/Agência Brasil
O cenário que se vê após a catástrofe mais recente é o de uma zona de guerra, com pontes destruídas, casas em ruínas, entulho e lama acumulados por todos os lados, e a população abalada. A tragédia no estado começou no final de abril e as cheias dos rios afetaram praticamente todos os municípios gaúchos.
A reportagem da Agência Brasil percorreu, no domingo (19), parte do Vale onde ainda há bloqueios e restrições de acesso a cidades como Roca Sales e Arroio do Meio, que estão entre as mais devastadas. Até pouco mais de uma semana atrás, nem mesmo as rodovias importantes, que conectam a capital ao interior, como a BR-386, estavam totalmente liberadas, devido a inundações na pista.
Uma das cenas que viralizou na internet, durante os dias trágicos de cheia, mostrava justamente a ponte da rodovia federal sobre o Rio Taquari, na entrada de Lajeado, praticamente coberta pela água e o caudaloso rio transbordando pelas margens encobrindo fábricas e lojas, incluindo uma unidade da rede Havan e sua icônica réplica da estátua da Liberdade.
Duas semanas depois, as marcas da força da natureza seguem visíveis, com o parapeito de concreto da ponte repleto de galhos e os barrancos às margens do rio com árvores grandes mortas, arrancadas desde a raiz. Uma fábrica de vidros que ficava próxima à ponte, também às margens da rodovia, anunciou pelas redes sociais que mudará de endereço, após ser destruída pela correnteza do rio.
"Essas cheias mostraram que o plano diretor existente não é suficiente e agora, com as novas cotas [de inundação], a cidade vai precisar se reformular e se reorganizar em lugares diferentes. Não é só a população ribeirinha que mora nas cotas de enchentes, mas em áreas de encostas de morros também, onde tivemos 30 famílias que sofreram com deslizamentos", aponta.
Adaptação e mudança
Desde o último dia 15 de maio, o isolamento deu lugar a uma travessia exclusiva para pedestres, montada pelo Batalhão de Engenharia do Exército.
"Eu trabalho em Arroio do Meio, mas eu atravesso aqui porque como a gente não tem mais acesso, não vem mais mercadoria [para Arroio] e daí a gente atravessa para vir pegar suplemento e voltar para lá, né?", relata a vendedora Simone Feil.
Centenas de trabalhadores que vivem em uma cidade, mas trabalham na outra, agora precisam chegar por transporte até um dos lados do rio e atravessar a "passadeira" de pedestres – como é chamada a travessia improvisada com uma passarela de madeira sobre botes.
Desde o último dia 15 de maio, o isolamento deu lugar a uma travessia exclusiva para pedestres, montada pelo Batalhão de Engenharia do Exército.
"Eu trabalho em Arroio do Meio, mas eu atravesso aqui porque como a gente não tem mais acesso, não vem mais mercadoria [para Arroio] e daí a gente atravessa para vir pegar suplemento e voltar para lá, né?", relata a vendedora Simone Feil.
Centenas de trabalhadores que vivem em uma cidade, mas trabalham na outra, agora precisam chegar por transporte até um dos lados do rio e atravessar a "passadeira" de pedestres – como é chamada a travessia improvisada com uma passarela de madeira sobre botes.
Ele espera que o apoio chegue mais rápido desta vez. Em todo o estado, cerca de 700 mil micro e pequenas empresas foram diretamente afetadas pelas enchentes. Na área agrícola do Vale do Taquari, muitas propriedades rurais foram completamente abandonadas. "As pessoas não querem mais voltar, essa enchente arrasou o emocional das pessoas", revela o gestor.
União comunitária
O presidente da comunidade luterana Corvos e Colina é Marcos Roberto, que teve o próprio sítio atingido pela água. "Consegui salvar meus animais, passei a noite inteira em cima da água com meu barco. Tivemos que morar na igreja durante 5 dias", descreve.
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