Presidente Luiz Inácio Lula da SilvaRicardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista, nesta quarta-feira (26), ao UOL. Durante a conversa, Lula falou sobre o PL do aborto, as eleições municipais de 2024, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o porte de maconha para uso pessoal, além de ter comentado sobre Bolsonaro e Milei. 
Com as declarações do presidente, somadas à tendência externa de valorização, o dólar chegou a R$ 5,52, o maior valor desde 17 de novembro de 2022. 
PL do aborto
O presidente afirmou que o projeto apresentado era, na verdade, "uma carnificina contra as mulheres". Lula também disse que, como pai, é contra o abordo, mas como chefe de Estado, tem que "tratá-lo com uma questão de saúde pública". 
O presidente pontuou ter dado "graças a Deus" que a sociedade tenha se manifestado contra o projeto de lei. "Eu acho que todas as vezes em que alguém tentar fazer alguma coisa que não diz respeito aos interesses da sociedade, eu acho que as pessoas têm que se manifestar", afirmou.
Maconha para uso pessoal
Questionado sobre a decisão do STF de descriminalizar porte de maconha para uso pessoal e a reação do Congresso, Lula afirmou considerar "nobre que haja diferenciação entre o consumidor, o usuário e o traficante". Por outro lado, o petista também defendeu que a "Suprema Corte não tem que se meter em tudo".
De acordo com ele, o Supremo precisa lidar com as coisas mais sérias, "sobretudo aquilo que diz respeito à Constituição". Lula conclui com a defesa de que a criação de uma rivalidade "não é boa nem para a democracia, nem para a Suprema Corte, nem para o Congresso Nacional".
Bolsonaro 
Após ser perguntado sobre a expectativa de indiciamento de Bolsonaro no caso das joias e da falsificação do cartão de vacina, Lula respondeu que defende a presunção de inocência do ex-presidente, além de que ele seja ouvido e tenha o direito de se defender. 
O petista também disse que deve prevalecer "aquilo que a justiça encontrar", mas afirmou que é "visível" que ocorreu uma tentativa de golpe. "Sabe que ele tentou dar o golpe? Tentou. Isso é visível. Sabe? É visível", comentou.
Eleições municipais 2024
Nas eleições municipais deste ano, o presidente Lula declarou que o Partido dos Trabalhadores (PT) terá candidatos em cidades onde há perspectiva de disputa e contará com aliados importantes em outras.
Lula também afirmou que não estará presente em todos os municípios, pois não pode "por conta de uma eleição municipal, atrapalhar a governança nacional".
'Inflação controlada significa ganho real para os pobres'
O presidente ressaltou que Governo Federal continuará agindo no controle da inflação. Para ele, trata-se de um componente fundamental para o crescimento do país e para a melhoria da vida da população, em especial dos mais pobres. 
"Inflação controlada significa ganho real para os pobres. Eu quero cuidar de controlar a inflação porque quero que o povo tenha direito a comer do bom e do melhor e o mais barato possível”, afirmou o presidente.
Não vai desvincular aposentadoria do salário mínimo
O petista afirmou que não irá desvincular o piso das aposentadorias do salário mínimo "enquanto for presidente". Lula também disse que não considera como gasto o aumento dos salários. 
"A palavra salário mínimo é o mínimo do mínimo que uma pessoa precisa para sobreviver. Se eu acho que eu vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, eu estou desgraçado, eu não vou para o céu, eu ficaria no purgatório”, afirmou.
Cortar gastos ou aumentar a arrecadação
Lula defendeu que o governo irá analisar os gastos sem "levar em conta o nervosismo do mercado". O presidente afirmou que já está sendo feita uma análise "com muita tranquilidade" para identificar onde há gastos excessivos e onde há pessoas recebendo que não deveriam receber.
"O problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar. Ou se a gente precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão", defendeu.
Milei
Sobre sua relação com o presidente da Argentina, Lula disse que não conversou com Milei. "Eu acho que ele tem que pedir desculpas para o Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Eu só quero que ele, sabe, peça desculpas", argumentou.
O petista também declarou que gosta muito da Argentina, e que é um país muito importante para o Brasil. "O Brasil é muito importante para a Argentina. E não é um presidente da República que vai criar uma cizânia entre o Brasil e a Argentina", disse.