Doença é conhecida como 'varíola dos macacos'AFP
Entre as medidas que devem ser adotadas, segundo a ministra, estão a aquisição de testes de diagnóstico, alerta para viajantes e atualização do plano de contingências. Sobre vacinas, por enquanto, não há previsão de imunização em massa. No ano passado, a imunização contra a doença foi realizada em um momento de emergência em saúde pública de importância internacional, com o uso das doses liberadas pela Anvisa de forma provisória. Essas doses também foram usadas, segundo a ministra, para pesquisas científicas.
A avaliação da pasta é que a nova onda da doença apresenta risco baixo neste momento para o Brasil. Dados do ministério apontam que, em 2024, foram notificados 709 casos de mpox no Brasil e 16 óbitos, sendo o mais recente em abril do ano passado. Já em âmbito global, este ano, os casos já superam o total registrado em 2023 e somam mais de 14 mil, além de 524 mortes.
A doença foi registrada pela primeira vez em 1958, na Dinamarca. O primeiro caso em humanos foi registrado apenas em 1970, na República Democrática do Congo. Desde então, a doença foi relatada em pessoas em outros países da África Ocidental e Central, onde agora é considerada endêmica.
Quais são os sintomas?
Os sintomas podem ser leves ou graves. De forma geral, os sintomas iniciais incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios e exaustão, além de lesões na pele, similares às da catapora, que se iniciam no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais.
Elas vêm acompanhadas de prurido (coceira) e aumento dos gânglios cervicais, inguinais e uma erupção formada por pápulas (calombos), que mudam e evoluem para diferentes estágios: vesículas, pústulas, úlcera, lesão madura com casca e lesão sem casca com pele, completando o processo de cicatrização. Vale ressaltar que uma pessoa é contagiosa até que todas as cascas caiam —as casquinhas contêm material viral infeccioso— e que a pele esteja completamente cicatrizada.
Porém, medidas como uso de máscaras e preservativos, higienização de mãos e o não compartilhamento dos chamados fômites (objetos capazes de transportar patógenos, como lençóis e toalhas) também podem ajudar a evitar a contaminação. Isso porque outras formas de transmissão são conhecidas ou estão sendo estudadas.
Crianças com menos de oito anos, gestantes e imunodeprimidos — pessoas que passaram por transplante, em tratamento oncológico ou que tiveram diagnóstico positivo para HIV, por exemplo — devem ter cuidados redobrados, uma vez que são mais suscetíveis a quadros graves da doença. Alguns especialistas indicam que homens que fazem sexo com homens (HSH) também precisam estar atentos, visto o risco de exposição. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), eles representam 98% dos casos.
Como funciona o teste para diagnosticar a doença?
Testar casos suspeitos e obter diagnósticos com agilidade é crucial para controlar a doença. Só deve buscar testagem, orientam especialistas, pessoas que apresentem erupções cutâneas. O único teste disponível é de biologia molecular — mesmo método do teste PCR para o coronavírus — e depende de secreções dessas lesões, coletadas com swab (bastão), para análise.
O melhor momento para testar é quando as vesículas (lesões na pele) se formam, porque há maior presença de vírus nas secreções. Mas isso não significa que a detecção seja impossível no início da doença, por exemplo. E na cicatrização, inclusive, a casquinha também é encaminhada para o laboratório.
Complicações podem ocorrer, principalmente infecções bacterianas secundárias da pele ou dos pulmões, que podem evoluir para sepse e morte ou disseminação do vírus para o sistema nervoso central, gerando um quadro de inflamação cerebral grave chamado encefalite, que pode ter sequelas sérias ou levar ao óbito.
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