O comerciante Igor Peretto, irmão do vereador Tiago Peretto (União Brasil) de São Vicente, em São Paulo, foi encontrado morto com sinais de facadas dentro de um apartamento em Praia Grande. A mulher Rafaela Costa da Silva e o cunhado da vítima Mario Vitorino da Silva Neto são investigados pelo assassinato.
Policiais militares foram acionados para uma ocorrência de desentendimento. No local, os agentes foram atendidos pela síndica do condomínio que relatou ter ouvido barulhos e gritos no apartamento durante a madrugada. O caso aconteceu no último sábado, 31.
Ela disse que tentou tocar a campainha e bater na porta, mas ninguém abriu. A síndica, então, decidiu olhar as câmeras de segurança do prédio. Nas imagens, ela identificou que Marcelly Marlene Delfino Peretto, irmã da vítima, chegou ao imóvel acompanhada por Rafaela.
Mario Vitorino chegou no prédio, com Igor, cerca de uma hora depois. Os dois subiram depois da liberação da irmã da vítima, que era dona do apartamento.
Com a ajuda de um chaveiro, os agentes conseguiram entrar no imóvel. Assim que a porta do apartamento foi aberta, os policiais encontraram o corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela. O imóvel estava revirado, o que demonstra, de acordo com os agentes, que houve luta corporal, além de marcas de sangue no corredor. Eles também apreenderam uma faca com sangue, que foi encontrada no banheiro.
Segundo os agentes, Mario e Marcelly deixaram o apartamento pela escada do edifício e saíram do local pelo estacionamento do prédio uma hora após o crime. A saída da mulher da vítima não foi registrada.
Nas redes sociais, o irmão da vítima e vereador Tiago Peretto lamentou a morte de Igor, e sugeriu que a morte foi motivada por uma traição. "Um rapaz novo, que nunca fez mal a ninguém e trouxe seu próprio assassino, a quem chamava de irmão e sua cúmplice para dentro do seu lar. Era só eles terem fugido. Não precisava tirar a vida dele. E agora, como ficam meus sobrinhos?", questionou.
Em entrevista após o sepultamento, o irmão da vítima e vereador Tiago Peretto revelou novos detalhes do ocorrido. Segundo ele, Igor foi esfaqueado mais de 20 vezes, em diversas partes do corpo, cabeça e pescoço.
Ele ainda relata que Marcelly, irmã da vítima e dona do apartamento onde o crime aconteceu, foi sequestrada pelo assassino, que a obrigou a entrar no carro. O homem então fugiu dirigindo em um veículo, e logo atrás, em outro, estava Rafaela.
Tiago informou que neste momento, enquanto dirigiam, o casal se falou. Mário confessou o crime, e a mulher respondeu "independente do que você fez, estamos juntos, eu te amo".
Marcelly foi deixada já bem distante do local, em um posto de gasolina. Rafaela que estava no carro de trás o seguindo, abandonou o veículo e embarcou junto com o homem.
Tiago ainda informou que, de acordo com o rastreador do telefone celular dos procurados, ambos estariam fugindo para o Rio de Janeiro. O casal ainda furtou um valor estimado em cerca de R$ 100 mil reais da conta da empresa que Igor era sócio com Mário.
O caso foi registrado como homicídio na Central de Polícia Judiciária (CPJ), que acionou o setor de Homicídios da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da cidade.
Nesta terça-feira (3), a Justiça de Praia Grande decretou a prisão temporária de Mario Vitorino da Silva Neto e Rafaela Costa da Silva, que estão foragidos desde o crime.
O que aconteceu antes do crime
Igor era casado com Rafaela, e Mário com a irmã da vítima, Marcelly. Os dois casais enfrentavam uma crise conjugal, tendo já tentado uma separação, mas que não havia sido formalizada.
Naquela noite, os quatro saíram juntos, e ao retornarem para casa, ainda segundo relato de Tiago Peretto, Mário e Rafaela já haviam combinado de se encontrar após todos serem deixados cada um em sua casa.
Enquanto a vítima ainda estava no carro com o assassino, a mulher teria ligado para Mário. Igor, vendo sua esposa ligar para o até então cunhado, questionou o homem, e então começou uma discussão.
Todos decidiram então se encontrar no apartamento de Marcelly para resolver a questão, onde a briga ficou mais acalorada, passando para agressões até o assassinato.
Não se sabe desde quando Rafaela e Mário se relacionavam. A mulher deixou para trás o filho que tinha com Igor, que está sendo cuidado pela irmã da vítima.
Segundo o advogado de defesa da família da vítima, Felipe Pires de Campos, Marcelly não sabia da traição até o momento da briga, e reforçou que ela foi pressionada pelo marido a deixar o imóvel após ele cometer o crime.
Ainda segundo o advogado, Marcelly e Mario são casados no papel, mas já não moram mais no mesmo imóvel.
"Apesar do boletim de ocorrência constar, no primeiro momento, ela como investigada. Ela (Marcelly) se apresentou para poder trazer os esclarecimentos do dia do ocorrido horas antes e depois. Alguns detalhes estão sob sigilo da investigação, não dá muito para divulgar até pela situação que a família está passando", afirmou o advogado.
Campos informou que, apesar de estar no imóvel, Marcelly não presenciou o irmão sendo morto, pois estava em um quarto lateral, e que teria sido deixada pelo marido em uma estrada após o crime. "Vamos deixar esses detalhes para a investigação prosseguir".
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que aguarda a elaboração dos laudos periciais para realizar a análise e segue com diligências para esclarecer os fatos.
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