Último apagão sucedeu um temporal na sexta, 11, quando houve ventos com velocidade superior a 100 km/h Reprodução / Enel / Redes Sociais

A concessionária Enel afirmou ontem que manterá o efetivo de profissionais reforçado como medida de prevenção para a nova tempestade prevista para o fim de semana. Conforme a Defesa Civil Estadual, devem ocorrer ventos de até 60 km/h entre hoje e domingo.
O último blecaute sucedeu um temporal na noite de sexta, 11, quando houve ventos com velocidade superior a 100 km/h e centenas de árvores caídas. A crise de fornecimento causou transtorno e prejuízos para moradores de várias regiões, que agora se mobilizam para cobrar a empresa na Justiça. Segundo a empresa, não há mais crise de falta de energia elétrica em São Paulo e na região metropolitana. Até o último balanço da Enel, divulgado na manhã de ontem, ainda existiam 36 mil clientes sem luz, mas o número é considerado "normal" pela companhia.
Segundo Guilherme Lencastre, presidente da Enel São Paulo, cerca de 2,4 mil profissionais atuam hoje para manter e reparar danos na rede elétrica paulista, sendo a maioria deles eletricista. "Estamos aproveitando a equipe maior para fazer inspeções na rede, para ver onde estão os defeitos e fazendo as correções, além de manter a prontidão", disse o presidente.
Mais imóveis afetados
Ao todo, foram 3,1 milhões de imóveis com interrupção no fornecimento de energia, 1,1 milhão a mais que em novembro de 2023. Inicialmente, a Enel havia informado 2,1 milhões. Segundo a empresa, a quantidade de atingidos foi revisada porque o balanço era de 2,1 milhões de imóveis prejudicados às 23h59 do dia 11. Depois, a Enel apurou que, entre as 19h e esse horário, havia cerca de 1 milhão de interrupções que haviam sido recuperadas.
A empresa recebeu reforço de profissionais de outras cidades e países para atuar no apagão histórico na Grande de São Paulo. A Defesa Civil do Estado de São Paulo também convocou as empresas de fornecimento de energia elétrica para uma reunião, ontem, para que fossem discutidas medidas preparatórias para os eventos climáticos.
"Em ofício, o secretário-chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil, coronel Henguel Ricardo Pereira, solicitou que as empresas apresentem um plano de contingência e uma série de ações de mitigação de possíveis danos e interrupções no fornecimento de energia, além de reforçar as equipes de atendimento à população", informou a Defesa Civil, em nota.
Melhorias na comunicação
O órgão estadual também pediu melhorias na comunicação com o governo. "Solicitamos ainda que, durante a vigência do Aviso de Risco, seja estabelecido canal de comunicação direto entre a concessionária e o gabinete de crise da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, a fim de fornecer informações detalhadas sobre as pessoas afetadas pela interrupção de energia elétrica", afirma o ofício.
O presidente da Enel disse que a concessionária está "totalmente aberta, como concessionária de serviço público, a detalhar todos os tipos de informações". Anteontem, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a Enel passe a compartilhar, em tempo real, as informações de seu centro de controle operacional com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e com as prefeituras das cidades atingidas pelo apagão
Frente fria
A Defesa Civil do Estado diz que haverá passagem de uma frente fria por São Paulo a partir desta sexta-feira, trazendo "precipitações significativas", raios e rajadas de vento que podem chegar a mais de 60km/h. Há possibilidade ainda de queda de granizo em pontos isolados.
"O acumulado de chuvas no final de semana pode chegar a 200 milímetros em diversas regiões do Estado", afirma a Defesa Civil
O presidente da Enel chamou a tempestade da última sexta de "maior evento climático" da história da concessão, com queda de 40% mais postes de energia elétrica e 48% mais interrupções de serviço em imóveis que em novembro de 2023, segundo pior evento climático da concessionária em São Paulo - que assumiu a concessão no fim de 2018. Foram danificadas, segundo a Enel, 17 linhas de alta tensão, 221 circuitos de média tensão, 11 subestações e 17 transformadores na capital e na Grande São Paulo.
A extensão do problema e a demora na reação levaram o governo federal a abrir um processo disciplinar contra a empresa italiana, o que eventualmente pode levar à perda da concessão. A empresa diz não ver justificativa para isso, uma vez que afirma cumprir os requisitos contratuais.
De acordo com a empresa, os 36 mil casos de falta de luz que ainda permaneciam ativos até ontem foram registrados a partir do domingo, 13. Lencastre diz também que uma das razões para a demora em restabelecer a energia se dá porque há locais de difícil acesso, que têm árvores caídas que impedem a entrada da equipe e oferecem riscos aos eletricistas.
"Nós estamos totalmente abertos, como concessionária de serviço público, a detalhar todos os tipos de informações", afirmou Lencastre.