Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de MoraesAntonio Cruz/Agência Brasil

Um relatório da Polícia Federal (PF) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) revela que o ministro Alexandre de Moraes teria sido monitorado por militares bolsonaristas a partir de novembro de 2022. O acompanhamento teria começado após uma reunião na casa do general Walter Souza Braga Netto (PL), então candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL).  
A ação estaria relacionada com o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que visava um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com a PF, o plano cogitou o assassinato de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o uso de explosivos ou envenenamento.

A investigação apontou que os golpistas aceitavam "os danos colaterais" de assassinar o ministro. O termo, segundo a PF, faz referência a eliminação de toda a equipe de segurança do ministro e a morte dos militares envolvidos na ação. Isso significa, que os golpistas estariam dispostos a morrer para executar Moraes.

“Era admissível para cumprimento da missão de 'neutralizar' o denominado 'centro de gravidade', que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, aponta a PF.

A investigação é parte da operação que prendeu nesta terça-feira, 19, cinco suspeitos de planejar um golpe de Estado em 2022, além de atentados contra o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.

Reunião estratégica
De acordo com o relatório, o encontro na residência de Braga Netto ocorreu em 12 de novembro de 2022 e contou com a presença de oficiais das Forças Armadas. Entre os participantes estavam o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o major Rafael de Oliveira, lotado no Batalhão de Ações e Comando; e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, assistente do Comando Militar do Sul.

Segundo os delegados Fábio Shor, Rodrigo Morais Fernandes, Elias Milhomens e Luciana Caires, o plano operacional dos chamados "kids pretos" — em alusão ao grupo de militares envolvidos — foi discutido e aprovado durante a reunião.
Conforme a PF, o monitoramento do ministro Moraes foi colocado em prática entre os dias 21 e 23 de novembro de 2022. Os delegados destacam que as ações foram realizadas com conhecimento e participação de Mauro Cid e Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro.

“Os investigados Rafael de Oliveira e Hélio Ferreira Lima já estariam colocando em prática os atos de monitoramento do ministro Alexandre de Moraes na cidade de Brasília/DF, para cumprimento de uma eventual ordem de prisão a ser desencadeada pelo então presidente da República Jair Bolsonaro”, afirmam os delegados.

O relatório aponta ainda que informações detalhadas sobre a localização de Moraes foram obtidas por meio de uma fonte aliada dos golpistas.