Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado no Aeroporto Internacional de GuarulhosReprodução/internet

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Corregedoria da Polícia Civil deflagram uma operação na manhã desta terça-feira, 4, para cumprir mandados de busca e apreensão contra um delegado suspeito de envolvimento com Antônio Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) morto no Aeroporto de Guarulhos no ano passado.
A ação é um desdobramento da investigação sobre o caso, que apura a execução do empresário e a ligação de agentes de segurança pública com a facção criminosa PCC.

Ao todo, 26 pessoas já foram presas por envolvimento no caso. Entre eles, estão 17 policiais militares, cinco policiais civis e quatro pessoas relacionados ao homem apontado como "olheiro" da execução, que permanece foragido.
Nos últimos anos, o delegado Alberto Pereira Matheus Junior, alvo da operação desta terça, ocupou postos de destaque no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), e no Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc). 
O nome do delegado apareceu durante análise do telefone celular do investigador Eduardo Lopes Monteiro, um dos quatro policiais civis presos pela PF em dezembro do ano passado por suspeita de extorquir dinheiro e bens de Gritzbach.
Nos diálogos, segundo a PF, Alberto Pereira Matheus Jr faz pedidos constantes de dinheiro a Eduardo Monteiro. Os investigadores descobriram que os pagamentos foram feitos, via pix, nas contas da mulher e do filho do delegado.
A PF e o MP suspeitam que Eduardo Monteiro fazia pagamentos periódicos a Alberto Pereira Matheus Jr como uma espécie de "pedágio" pelo cargo que ocupava.

De acordo com a análise dos investigadores, o dinheiro usado para pagar o delegado era decorrente de arrecadação de valores obtidos por atos de corrupção policial.
Quem era o delator executado em Guarulhos

O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé, Zona Leste paulistana.
Sua trajetória está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas ao PCC. Ele fechou acordo de delação premiada em abril. Em reação, a facção pôs um prêmio de R$ 3 milhões pela sua cabeça.

Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia (entre 2014 e 2018) quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.

Para a polícia, Gritzbach havia sido responsável pelo desfalque em Cara Preta de R$ 100 milhões em criptomoedas e, quando se viu cobrado pelo traficante, decidiu matá-lo. O empresário teria contratado Noé Alves Schaum para matar o traficante.

O crime aconteceu em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o atirador matou Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada na 2ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon.