Marcelo Arruda e Jorge GuaranhoReprodução

O júri popular do ex-policial penal Jorge Guaranho está programado para começar às 10h nesta terça-feira (11) em Curitiba (PR). Ele é réu pelo homicídio duplamente qualificado de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT, em Foz do Iguaçu. O crime ocorreu em julho de 2022, durante uma festa de aniversário de 50 anos da vítima.
Após três adiamentos, a Justiça atendeu a um pedido feito pela defesa do ex-policial e mudou o julgamento para a capital paranaense. A alegação atendida aponta que a realização do julgamento em Foz do Iguaçu, oeste do Paraná, poderia afetar a parcialidade do júri.
Desde setembro de 2024, Guaranho cumpre pena de prisão domiciliar, inicialmente em Curitiba e, depois, em Foz do Iguaçu.

"Confiamos na imparcialidade do Poder Judiciário e esperamos que o julgamento transcorra de maneira justa, assegurando que a verdade real dos acontecimentos prevaleça. Seguiremos atuando com firmeza para que os direitos do nosso constituinte sejam plenamente observados", afirmou Samir Assad, advogado do ex-policial.
O júri começará com a escolha dos sete jurados para a formação do Conselho de Sentença. Para isso, 25 pessoas foram convocadas, além de 55 suplentes.

O serviço de júri é obrigatório no Brasil, mas os sorteados podem alegar impedimento e cada parte envolvida no processo pode dispensar até três jurados sorteados sem qualquer justificativa. Se os primeiros sorteados não cumprirem os requisitos de participação no júri, é feito sorteio de suplentes.
Na fase chamada de quesitação, os jurados são questionados se condenam ou absolvem os réus e votam em cédulas de papel. Com os votos contados e quatro votos iguais, o juiz encerra a votação e acompanha a decisão da maioria, sendo sim ou não. Com a deliberação do júri feita, o juiz pondera o tamanho da pena de acordo.
Relembre o caso
O crime aconteceu durante a festa de aniversário de 50 anos de Arruda, que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores (PT), no salão de festas de um clube em Foz do Iguaçu.
Na noite de 9 de julho de 2022, meses antes da eleição presidencial, o guarda municipal Marcelo Arruda teve a festa de aniversário invadida pelo agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho.

Guaranho, que era bolsonarista, invadiu a festa e atirou contra Arruda após uma discussão política. Arruda foi morto a tiros e o autor foi preso em flagrante. O confronto foi filmado por câmeras de segurança.
o ex-policial penal é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sócio da Associação Recreativa Esportiva Saúde Física (Aresf), onde ocorreu a festa. Ele soube da decoração, após integrantes da diretoria e com acesso às câmeras de segurança, mostrarem as imagens para o policial penal em um churrasco, próximo do aniversário.
O caso de Marcelo Arruda ganhou repercussão nacional. O crime foi condenado por diversas entidades e autoridades políticas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com a família de Arruda e prestou solidariedade.
Na época, a Prefeitura de Foz do Iguaçu divulgou nota de pesar pela morte do servidor, que pertencia aos quadros da Guarda Municipal há 28 anos.