Professoras já estavam cientes da divisão, mas não tinham se manifestado para 'não dar desgaste'Reprodução / Facebook
Vereador denuncia apartheid em escola infantil de Santa Catarina
Teodoro Adão afirma que unidade separa os alunos negros dos brancos
O vereador do município catarinense de São João Batista Teodoro Marcelo Adão (MDB) denunciou um caso de racismo no Núcleo Infantil Cebolinha, onde crianças negras eram colocadas em salas separadas das brancas. Na tribuna da Câmara dos Vereadores, durante uma sessão ordinária na semana passada, o parlamentar relatou que as professoras já estavam cientes do "apartheid", mas não tinham se manifestado para "não dar desgaste".
Adão comentou que cinco pais o procuraram, dizendo que o vereador deveria fazer uma visita à escola. Ele acreditava que fosse encontrar problemas estruturais, porém, ao chegar no local, se deparou com crianças pretas e brancas separadas em duas salas.
"Uma sala, todas as crianças branquinhas do olho verde, ou que não tinham olhos verdes, eram claras. E na outra sala, todos os negrinhos, falo negrinhos porque não tenho vergonha de falar da minha raça, em outra sala. Só tinha uma criança branca junto com os moreninhos", declarou.
Segundo o parlamentar, uma professora disse que, quando chegou na escola, as turmas já estavam separadas e "não pôde fazer nada". Outra comentou que sentiu vontade de se manifestar, mas não o fez, para "não dar desgaste".
Depois da denúncia, os pais teriam sido proibidos de levar os filhos até a sala de aula. De acordo com Adão, algumas famílias contaram que não tinham mais permissão para entrar na escola com as crianças e eram obrigadas a deixá-las no portão, sob a supervisão de um segurança. "Isso é o que mais me machuca. Recebo ligações de pais dizendo que os filhos agora choram e não podem mais contar com a presença de um responsável nos primeiros momentos", lamentou.
Teodoro Adão afirmou que, caso tivesse ido com um advogado ou a polícia na instituição infantil, seria um escândalo: "Essas coisas não podem acontecer no nosso município. Estamos no século XXI! Não pode ter discriminação contra ninguém, todos devem ser respeitados".
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de São João Batista escreveu que as denúncias "são falsas e não têm fundamento":
"A distribuição das turmas foi feita de forma aleatória, sem qualquer tipo de discriminação. A Secretaria repudia qualquer forma de preconceito e assegura que todas as crianças são tratadas com respeito e igualdade, independente de cor, origem ou classe social. Infelizmente, algumas destas acusações estão sendo usadas de maneira política para tentar prejudicar o trabalho sério que vem sendo realizado desde o início deste ano."
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