Cerca de 3,9% das brasileiras teve conteúdos íntimos vazados em 2024Freepik

Uma pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta segunda-feira (10) aponta que 3,9% das mulheres brasileiras tiveram alguma imagem ou vídeo íntimos vazados em 2024. O número equivale a 1.586.720 pessoas.
O estudo "Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil", avalia a situação das brasileiras com 16 anos ou mais. Diversos outros tipos de violência são detalhados na pesquisa.
No total, 37,5% sofreu com algum tipo de violência ou agressão no ano passado, o que equivale a 21.458.206 vítimas. O cálculo é feito com base da projeção populacional. Alguns exemplos são:
- Insulto, humilhação ou xingamento (31,4%);
- Batida, empurrão ou chute (16,9%);
- Ameaça de apanhar, empurrar ou chutar (16,1%);
- Perseguição ou amedrontamento (16,1%);
- Ofensa sexual ou tentativa forçada de manter relação sexual (10,7%);
- Lesão provocada por algum objeto que lhe foi atirado (8,9%);
- Espancamento ou tentativa de estrangulamento (7,8%);
- Ameaça com faca ou arma de fogo (3,4%);
- Tiro ou esfaqueamento (1,4%).
Obs: uma mesma mulher pode ter sofrido mais de um tipo de violência. Por conta disso, o percentual ultrapassa os 100%.
Quem são os agressores e quem presencia?
O principal autor das violências sofridas pelas mulheres nos últimos 12 meses são o cônjuge/companheiro/namorado/marido (40,0%) e ex-cônjuge/ ex-companheiro/ex-namorado (26,8%).
Outro dado relevante de ser considerado diz respeito à presença de outros familiares como autores da violência no último ano, tais como pais e mães (5,2%), padrastos e madrastas (4,1%), filhos e filhas (3%), um indício de que a violência contra mulheres, mais do que doméstica, é também, intrafamiliar.
Além disso, 91,8% das brasileiras vitimadas no último ano disseram ter sofrido violência na presença de terceiros. Em 47,3% quem presenciou foram amigos ou conhecidos; em 27%, os filhos e em 12,4% outros parentes.
Quem são essas mulheres e o que fizeram após a violência?
Embora mulheres entre 25 e 34 anos concentrem um percentual maior de vitimização, chama atenção a elevada prevalência da violência em todas as faixas etárias, especialmente entre mulheres com idades de 16 a 59 anos, indicando que a violência se traduz em diferentes práticas ao longo da vida.
A principal "atitude" em relação à agressão mais grave sofrida é, na verdade, não fazer nada (47,4%). Esse é um padrão que se repete deste a primeira edição desta pesquisa, em 2017, e que sugere a persistência de barreiras estruturais, emocionais e institucionais que dificultam a busca por apoio e proteção.
Depois do "não fazer nada", a segunda atitude mais frequente é a busca por ajuda de um familiar
(19,2%) em terceiro a procura por amigos (15,2%), e, somente em quarto lugar, aparece a busca de ajuda em algum órgão oficial do sistema de Justiça, no caso, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (14,2%), seguido pela busca de atendimento em uma delegacia comum (10,3%).
Com percentuais menores, estão, respectivamente, a procura por igreja (6,0%), a ligação para a Polícia Militar (2,2%), a ligação para a Central de Atendimento à Mulher (1,8%) e a denúncia à polícia via
registro eletrônico (0,7%).
Agrupando a procura por diferentes delegacia e a ajuda pedido a amigos e familiares, é possível resumir da seguinte forma:
- Não fizeram nada (47,4%);
- Pediram ajuda a amigos ou familiares (34,4%);
- Recorreram a delegacias especializadas e comuns (24,5%);
- Recorreu a outros meios (10,7%).
Obs: uma mesma vítima, dentre as 52,6% que optaram por tomar uma atitude, pode ter recorrido a mais de um meio de ajuda após sofrer uma agressão listada no estudo. Por conta disso, o percentual ultrapassa os 100%.