Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma tentativa de golpeAFP

Em prisão domiciliar desde o início de agosto e condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, o ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL) pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (15) para receber uma série de visitas em sua residência e ter "encontros semanais" com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Entre os nomes listados pela defesa do ex-mandatário, está o relator do projeto da anistia na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado Rodrigo Valadares, do União Brasil. Também consta o nome de Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, o senador Wilder Morais (PL-GO) e o ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida.
Na solicitação feita ao ministro Alexandre de Moraes, os advogados do ex-presidente também dizem que as visitas semanais são necessárias para o debate de pautas institucionais do PL e planejamento de ações políticas.

"A solicitação justifica-se pela indispensável interlocução com o dirigente máximo da agremiação partidária, cuja função demanda contato direto e frequente com o Peticionante, notadamente para coordenação de pautas institucionais e planejamento de ações políticas de alcance nacional", afirma o requerimento.
O pedido de encontros semanais com Valdemar ocorre depois que o presidente do PL afirmou, no último sábado (13), durante um evento no interior de São Paulo, que "houve um planejamento de golpe no Brasil, mas não um crime".
Em relação ao líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), os advogados disseram que as atribuições do parlamentar também "exigem diálogo direto" com Bolsonaro, inclusive para definição de estratégias e "acompanhamento de pautas relevantes ao partido e à representação popular".
"O pedido funda-se na necessidade de manutenção de tratativas institucionais contínuas com o Parlamentar, cujas atribuições no Congresso Nacional exigem diálogo direto com o Peticionante, inclusive para definição de estratégias e acompanhamento de pautas relevantes ao partido e à representação popular", diz o requerimento.
A defesa ainda informou ao STF a presença na próxima quarta-feira (17), na casa de Bolsonaro, de 16 pessoas que fazem parte de um grupo de oração. Participa desse grupo a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Os advogados afirmaram que o grupo já se reunia regularmente na casa do ex-mandatário, antes da prisão domiciliar do ex-presidente.
Condenação
A Primeira Turma do STF formou maioria de 4 a 1 pela condenação dos integrantes do núcleo principal da trama golpista. Votaram pela condenação os ministros Alexandre de Moraes - que também é relator da ação penal -, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O único voto divergente foi o do ministro Luiz Fux, que entendeu não haver elementos suficientes para caracterizar tentativa de golpe.

Jair Bolsonaro: foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão no julgamento da trama golpista. É a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente é condenado por tentativa de golpe de Estado.

Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal (PL-RJ), foi condenado a 16 anos e 1 mês de prisão por tentativa de golpe de Estado. Os ministros também decidiram pela perda de seu mandato parlamentar

Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro, foi condenado a 19 anos de prisão, sendo 16 anos e 11 meses de reclusão e 2 anos e 1 mês de detenção, por tentativa de golpe e outros crimes.

Augusto Heleno: o general foi condenado a 21 anos de prisão, sendo 18 anos e 11 meses de reclusão e 2 anos e 1 mês de detenção, por tentativa de golpe de Estado.

Almir Garnier: ex-comandante da Marinha, recebeu pena de 24 anos de prisão, sendo 6 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses de detenção, por tentativa de golpe.

Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, foi condenado a 24 anos de prisão, sendo 21 anos e 6 meses de reclusão e 2 anos e 6 meses de detenção.

Walter Braga Netto: o general foi condenado a 26 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Mauro Cid: tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi condenado a 2 anos em regime aberto. Como delator da ação penal relacionada à trama golpista, recebeu pena reduzida.
Tarcísio pede autorização para visita
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), pediu autorização ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília na terça-feira, 16. 

A previsão era que Tarcísio viajasse a capital federal nesta segunda-feira, 15, para continuar as articulações pela aprovação da anistia a Bolsonaro pelo Congresso Nacional, mas ele adiou a viagem.

É a primeira vez que o governador paulista se encontra com o padrinho político desde que Bolsonaro foi condenado pelo STF na quinta-feira, 11. A última reunião entre os dois foi no início de agosto, dias após o ex-presidente começar a cumprir a prisão domiciliar.

Tarcísio é cotado para se candidatar a presidente da República no ano que vem. Como mostrou o Estadão, com a condenação de Bolsonaro, o Centrão aumentou a pressão para que o ex-presidente aponte o governador como seu herdeiro político ainda neste ano. Em contrapartida, os partidos que compõem o bloco trabalhariam para aprovar a anistia a Bolsonaro.

Depois de passar a semana retrasada em Brasília articulando a aprovação do projeto, Tarcísio optou pela discrição durante a reta final do julgamento de Bolsonaro. A expectativa é que ele retome as articulações na capital federal a partir desta terça-feira.

O governador fez uma série de gestos nas últimas semanas para se vacinar de críticas que vinha sofrendo no bolsonarismo. Ele disse que o primeiro ato como presidente da República será conceder indulto a Bolsonaro, criticou abertamente o STF e Moraes durante manifestação na Avenida Paulista e mergulhou de vez na tentativa de aprovar a anistia.